INTERNACIONAL

Desafios imediatos da nova diretora-geral da OMC

A nova diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, terá de reavivar rapidamente uma entidade paralisada, em um momento em que a economia mundial se encontra devastada pela pandemia e pelo multilateralismo em seu perfil mais baixo

AFP
17/02/2021 às 11:33.
Atualizado em 23/03/2022 às 18:05

A nova diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, terá de reavivar rapidamente uma entidade paralisada, em um momento em que a economia mundial se encontra devastada pela pandemia e pelo multilateralismo em seu perfil mais baixo.

Confira alguns desafios que esperam por Ngozi quando assumir o cargo em 1º de março:

A Conferência Ministerial, o órgão supremo de tomada de decisões da OMC, tem reuniões bianuais, em geral no final do ano correspondente. Essa reunião é tão importante que muitas capitais a tomam como data-limite para avançar nas negociações comerciais.

Após a última Conferência Ministerial em dezembro de 2017 na Argentina, a seguinte deveria ter acontecido em junho de 2020 no Cazaquistão. A covid-19 forçou, no entanto, seu adiamento por tempo indeterminado.

Ngozi Okonjo-Iweala Ngozi quer uma reunião antes do final de 2021, mas serão os membros da OMC que terão de decidir, por consenso, provavelmente em 1o de março.

Diplomatas e especialistas concordam em que a OMC não foi capaz, nos últimos anos, de relançar negociações de grande envergadura. Temas não faltam, porém.

Algumas discussões (algodão, subsídios à pesca) estão paralisadas, enquanto outras sobre questões mais atuais, como as negociações de comércio eletrônico iniciadas em janeiro de 2019 no nível multilateral, têm dificuldade para decolar - o que ameaça deixar fazer da OMC uma entidade obsoleta.

Ngozi Okonjo-Iweala levantou a questão do meio ambiente e fez do acordo sobre subsídios à pesca - atualmente em ponto morto - uma de suas prioridades imediatas para mostrar que a OMC ainda pode ter avanços multilaterais.

Seu antecessor, o brasileiro Roberto Azevêdo, também assistiu, impotente, às hostilidades comerciais entre Estados Unidos, China e União Europeia.

Washington e Bruxelas pedem à OMC que reveja o "status" da China, que, segundo os americanos, abusa de sua condição de país em desenvolvimento para obter vantagens econômicas.

Alguns esperam que a dimensão mais política de Ngozi ajude a reinjetar a confiança no sistema entre os associados.

"Ela pode contribuir para o fortalecimento do multilateralismo, valendo-se de sua influência, mas, no final, as soluções devem vir dos membros", disse à AFP Peter Ungphakorn, ex-funcionário do secretariado da OMC.

Azevêdo também não conseguiu evitar que os Estados Unidos neutralizassem o braço jurídico da OMC. O órgão de apelação, cuja nomeação de juízes está bloqueada por Washington, não trabalha desde dezembro de 2019 por falta de magistrados suficientes.

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