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Dez grandes favelas brasileiras lançarão o 'Banco do G10'

Líderes comunitários das dez maiores favelas do Brasil vão lançar um banco para ajudar empreendedores e moradores destas localidades carentes, que sofrem com o desemprego e a redução das doações em meio à pandemia do coronavírus

AFP
04/02/2021 às 09:44.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:10

Líderes comunitários das dez maiores favelas do Brasil vão lançar um banco para ajudar empreendedores e moradores destas localidades carentes, que sofrem com o desemprego e a redução das doações em meio à pandemia do coronavírus.

O "Banco do G10", que deve entrar em funcionamento no final do mês, facilitará o acesso de empreendedores ao microcrédito e permitirá aos residentes obter um cartão de débito.

A iniciativa surgiu da coordenação entre duas favelas do Rio de Janeiro, duas de São Paulo e seis de outras regiões, que formaram um "G10 das Favelas", com projetos que vão da distribuição de cestas básicas à prestação de assistência médica, além da assistência jurídica.

Agora sua atuação se estende à área financeira.

Segundo uma pesquisa da consultoria Locomotiva, 45 milhões de brasileiros (aproximadamente um em cada três adultos) não possuíam conta em banco em 2019; isto se deve, principalmente, à desconfiança entre os bancos e as pessoas de baixa renda ou desempregadas.

E obter um empréstimo também é difícil para famílias ou pequenos empresários das favelas, que nestes tempos de crise poderiam utilizá-los para manter seus negócios funcionando.

É o caso do restaurante "Bistrô Mãos de Maria", no coração de Paraisópolis (a segunda maior favela de São Paulo, com mais de 100 mil habitantes).

"A gente se juntou ao G10 das Favelas para a produção de marmitas solidárias, que são doadas diariamente na comunidade desde o início da pandemia. De lá para cá, a gente já distribuiu 1,3 milhão de marmitas para a comunidade", mas desde dezembro as doações caíram, conta Elizandra Cerqueira, fundadora do estabelecimento.

Para manter sua atividade e continuar a pagar os salários das funcionárias, Elizandra precisa de um empréstimo.

"Os bancos tradicionais exigem um critério de comprovações, de histórico econômico, de movimentação de faturamento. O diferencial do G10 vai ser justamente esse: ter um olhar voltado para o público da periferia e da favela", ressalta Elizandra.

Além de dar empréstimos a juros baixos aos empreendedores das favelas, o novo banco pretende dar aos moradores um cartão para compra de produtos essenciais nas lojas da região no valor equivalente a uma cesta básica.

O Banco G10 terá um capital inicial de R$ 1,8 milhão, aportado por "investidores anônimos" e receberá assessoria de economistas e especialistas em finanças.

Um terço dos seus lucros irá para financiar programas sociais criados durante a pandemia.

A iniciativa se inspira em experiências locais, como a do pioneiro Banco Palmas, em Fortaleza, e nas teorias e ações em Bangladesh de Muhamad Yunus, Prêmio Nobel da Paz e pioneiro do microcrédito por meio do banco Grameen.

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