INTERNACIONAL

Dezenas de milhares de pessoas se reúnem em manifestação pró-democracia na Tailândia

Dezenas de milhares de jovens se reuniram perto do antigo Palácio Real em Bangkok neste sábado(19) para exigir mais democracia, a renúncia do primeiro-ministro e até mesmo uma reforma da monarquia, um assunto tabu na Tailândia

AFP
21/09/2020 às 19:17.
Atualizado em 24/03/2022 às 13:08

Dezenas de milhares de jovens se reuniram perto do antigo Palácio Real em Bangkok neste sábado(19) para exigir mais democracia, a renúncia do primeiro-ministro e até mesmo uma reforma da monarquia, um assunto tabu na Tailândia.

A manifestação começou no campus da faculdade Thammasat, cenário em 1976 de um massacre no qual dezenas de estudantes pró-democracia foram mortos pelas forças de ordem, apoiadas por milícias ultramonárquicas.

Neste sábado, os manifestantes marcharam em direção à icônica Praça Sanam Luang, em frente ao famoso Grande Palácio, onde alguns devem passar a noite.

No domingo, uma nova caminhada está planejada no centro da capital.

No final da tarde, a polícia anunciou a presença de mais de 15.000 manifestantes, enquanto os organizadores mencionaram "dezenas de milhares de pessoas".

"É a maior manifestação desde o golpe de 2014", que levou ao poder o primeiro-ministro Prayut Chan O Cha, legitimado desde então por eleições polêmicas, disse à AFP Parit Chiwarak, uma das figuras do movimento.

"É uma virada na história do país", disse Patipat, um professor de 29 anos.

O advogado de direitos humanos Anon Numpa, outra das principais figuras do movimento, adotou uma linha mais firme sobre a reforma monárquica em um discurso inflamado na noite de sábado.

"Meus joelhos nunca vão se dobrar para a ditadura", gritou, reiterando os apelos dos manifestantes para que a família real fique fora da política do reino.

Seu discurso foi recebido com aplausos da multidão.

Os protestos, que tomam as ruas quase todos os dias desde o verão boreal, reúnem principalmente jovens, estudantes e trabalhadores.

Outros militantes pertencentes ao movimento dos camisas "vermelhas", apoiadores do ex-primeiro-ministro no exílio Thaksin Shinawatra, também aderiram ao movimento.

"A juventude deste país não vê futuro", disse Thaksin Shinawatra, derrubado em um golpe há 14 anos, em um comunicado neste sábado, sem endossar explicitamente os manifestantes.

No centro de suas demandas estão o fim do "assédio" aos adversários políticos, a dissolução do parlamento com a renúncia de Prayut Chan O Cha e a revisão da Constituição de 2017, elaborada na época da junta e considerada muito favorável ao Exército.

Parte dos manifestantes vai mais longe, ousando enfrentar a realeza. Algo nunca antes visto no país onde, apesar das sucessivas derrubadas de regimes (12 golpes desde 1932), a monarquia permaneceu até agora intocável, protegida por uma das mais severas leis de lesa-majestade do mundo.

"Não vamos parar até que tenhamos a reforma da monarquia", disse o ativista Panusaya Sithijirawattanakul, que insistiu que seu objetivo não é aboli-la - mas "adaptá-la à sociedade".

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