SAÚDE

Diabetes avança em Piracicaba, alerta OMS

Obesidade, sedentarismo e envelhecimento são desencadeadores da doença que avança

André Luís Cia
andre.cia@gazetadepiracicaba.com.br
18/04/2013 às 10:09.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:18

Dados da Organização Mundial de Saúde de 2012 apontaram que um em cada dez adultos no mundo (prevalência média de 10%) tem diabetes. No Brasil, há mais de 13, 5 milhões de portadoras do Diabetes tipo 2 (mais comum), com expectativa de crescimento nos próximos anos, conforme levantamento da International Diabetes Federation. Isso se deve a maus hábitos alimentares, à vida sedentária, à excessiva ingestão de bebidas alcoólicas e ao stress da vida urbana.

O Diabetes é uma doença crônica caracterizada por vários defeitos no metabolismo dos carboidratos (açúcares) levando à elevação da glicemia (glicose sanguínea), conhecida como hiperglicemia. Segundo a endocrinologista piracicabana Mari Cançado, a prevalência da obesidade que, em vários lugares dobrou de 1980 para 2008, teve impacto importante no aparecimento de novos casos. "O pior é que cada vez mais jovens estão sob o risco de desenvolvê-la, decorrente do sedentarismo e de hábitos alimentares cuja dieta é baseada em carboidratos simples e gorduras".

Dentre os alimentos contra-indicados estão os refrigerantes e bebidas açucaradas, pizzas, lanches, salgadinhos, frituras, comidas industrializadas, carnes gordas e bebidas alcoólicas. A recomendação é manter uma dieta rica em verduras, legumes, frutas, carnes magras, cereais integrais e leguminosas.

O Diabetes pode ser dividido em três tipos: Diabetes tipo 1 ou insulino-dependente, no qual, as células pancreáticas produtoras de insulina são destruídas por um processo autoimune, levando à dependência de uso de insulina diariamente (em média quatro vezes ao dia) para manter o controle adequado da glicemia. Neste caso, a insulina torna-se vital para manter a vida do paciente. Ela atinge mais crianças, jovens ou adultos jovens, embora possa acontecer em qualquer fase da vida.

No Diabetes tipo 2 ou insulino-dependente, mais conhecida como "diabetes do adulto", as pessoas com mais de 40 anos e os obesos são o grupo mais atingido, porém, sua frequência está aumentando em jovens devido aos maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse da vida urbana. "É o diabetes mais prevalente respondendo por 90 % dos casos totais. Neste tipo, há a presença de insulina, mas sua ação é dificultada pela obesidade, o que é conhecido como resistência insulínica. Por ser pouco sintomático, o diagnóstico é feito após anos de doença, o que aumenta a incidência de complicações", aponta Mari.

Por último, há o Diabetes Gestacional, que é a elevação da glicemia e ocorre durante a gravidez. Na maioria dos casos se normaliza após o parto, mas essas mulheres e seus filhos têm maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

SINTOMAS

Os sintomas mais comuns do Diabetes são: urinar excessivamente (inclusive durante a noite), aumento da sede e da fome (com preferência para alimentos ricos em açúcar), emagrecimento sem explicação, visão embaçada ou turva, fraqueza nas pernas, infecções frequentes (sendo mais comuns as de pele).

No Diabetes tipo 2, estes sintomas se instalam de maneira gradativa e, muitas vezes, podem não ser percebidos pelas pessoas. Por outro lado, no Diabetes tipo 1, os sintomas aparecem rapidamente, especialmente, urinar de maneira excessiva, sede e emagrecimento. Quando o diagnóstico não é feito nos primeiros sintomas, os portadores de Diabetes tipo 1, podem até entrarem em coma.

Mari alerta sobre a importância da realização de campanhas ou exames periódicos para a detecção de novos casos de diabetes, já que o tipo 2 responde por cerca de 90 % dos casos e, muitas vezes, é assintomático.

Familiares próximos que são portadores de diabetes, idade maior que 45 anos, excesso de peso ou obesidade, pressão alta, colesterol elevado e mulheres com antecedentes de filhos nascidos com mais de quatro quilos são fatores que devem ser observados. Como prevenção do diabetes, ela destaca a importância da atividade física regular, alimentação equilibrada, o combate à obesidade e ao estresse.

TRATAMENTO

Os exames para detecção de diabetes durante a gestação fazem parte do pré-natal bem conduzido. O diagnóstico é muito simples, rápido e barato. O Diabetes é uma doença com um grande número de complicações, como perda visual levando à cegueira, insuficiência renal, aumento da incidência de doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame), feridas crônicas em membros inferiores e amputação de membros.

O tratamento é baseado em mudanças de estilo de vida, como atividade física regular associada à dieta equilibrada e saudável, orientada e adequada às necessidades de perda ou ganho de peso de cada paciente. "Muitas vezes, a mudança de estilo de vida é o maior desafio na vida do paciente diabético, já que fazer uso da medicação é relativamente fácil".

Mari explicou que o tratamento medicamentoso é iniciado precocemente junto ao diagnóstico porque se mostrou eficiente quanto à incidência de complicações, além de ter melhorado a qualidade e aumentado a sobrevida do paciente. "As consultas médicas periódicas devem fazer parte da vida do paciente com diabetes visando a ajustes de medicamentos, controle de doenças coexistentes e a detecção e o tratamento de possíveis complicações".

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