INTERNACIONAL

Díaz-Canel completa três anos na Presidência de Cuba

Um acidente de aviação, um tornado, uma chuva de sanções de Washington e, ainda por cima, uma pandemia: após três anos de pesadelos, Miguel Díaz-Canel sobe ao último escalão do poder em Cuba para assumir as rédeas do Partido Comunista

AFP
06/04/2021 às 01:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 01:17

Um acidente de aviação, um tornado, uma chuva de sanções de Washington e, ainda por cima, uma pandemia: após três anos de pesadelos, Miguel Díaz-Canel sobe ao último escalão do poder em Cuba para assumir as rédeas do Partido Comunista.

"Como dizemos em Cuba, teve que dançar com a mais feia", diz o professor e ex-diplomata cubano Carlos Alzugaray.

E o mais feio foi "Donald Trump". Durante seu mandato, o presidente dos Estados Unidos aplicou 280 sanções contra o governo comunista, acusando-o de violar os direitos humanos e prestar apoio militar ao governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Além disso, a ilha sofreu vários "desastres naturais" como "o tornado [que atingiu Havana em janeiro de 2019], furacões e agora a pandemia", acrescenta Alzugaray.

E tudo isso sem esquecer o avião que caiu ao decolar de Havana em maio de 2018, causando 112 mortos, com apenas um mês de presidência.

Pouco conhecido do grande público antes de sua ascensão, Díaz-Canel passou toda sua carreira no Partido Comunista (PCC), até se tornar o número dois do governo em 2013 e, em seguida, ser nomeado presidente pelos deputados do partido único.

Ao final do congresso do PCC, que será realizado de 16 a 19 de abril, também será o primeiro secretário do partido, cargo mais alto do país, no lugar de Raúl Castro, que está se aposentando.

Mas "o país que receberia quando foi planejada essa transferência de poder era diferente do atual", diz o analista político Harold Cárdenas, que alerta para "um agravamento da crise interna".

Substituir os irmãos Castro não foi uma tarefa fácil. Sem a legitimidade histórica dos líderes da revolução, teve que construir sua própria, sem trair o projeto original.

Para deixar sua marca, este homem de 60 anos, que não é um grande orador, multiplicou suas viagens pela ilha, visitando fábricas, percorrendo campos, ou encontrando seus habitantes.

Esta característica contrasta com a discrição de Raúl Castro e lembra o estilo de Fidel.

Para fazer a diferença, acelerou na Internet, tornando-se o primeiro presidente cubano a abrir uma conta no Twitter, enquanto o país finalmente acessava a tecnologia 3G no final de 2018.

Nas redes sociais, a hashtag que mais usa é "Somoscontinuidad", uma promessa de lealdade ao legado dos irmãos Castro.

E, diante das adversidades, endureceu sua retórica, algo que Cárdenas lamenta. "Não conseguimos ver o lado reformista do presidente Díaz-Canel nos anos Trump" e "é uma pena".

"As condições têm sido tão negativas que vimos o presidente Díaz-Canel repetir (...) os erros dos dirigentes anteriores, ou seja, continuar a apostar nos ideólogos da Guerra Fria do Comitê Central" do Partido, estima o analista.

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