Domingo de eleições. O seu voto decide!

Enfim, hoje é o dia em que os brasileiros vão às urnas para renovar a Câmara dos Deputados, a Assembleia Legislativa de cada Estado, parcela do Senado (1/3), eleger governadores e presidente da República.

Uma tarefa nada fácil diante de tantas possibilidades, muitas delas geradoras de dubiedades e insegurança. Mas este é o Brasil, uma nação caleidoscópica, com diversidade de ideias e alto potencial para se projetar no futuro, mas que parece estar sempre olhando pelo retrovisor da história. 

Luiz Antonio Carlos Cunha, juiz da 270ª Zona Eleitoral de Piracicaba, a maior do Cartório Eleitoral da cidade, é enfático ao dizer que hoje é um dia de paz, de irmos às urnas para selar nossas convicções pessoais, sem nos envolvermos em debates inóculos que possam criar discórdias entre familiares, amigos ou opositores políticos.

"A temporada de debates e de mostrar diferenças de princípios e escolas ideológicas encerrou na sexta-feira (30), não cabe mais neste momento em que a consciência de cada um deve prevalecer".

O juiz explica ainda que deve ser um dia de festa. "Festa da democracia". Ele enumera o que pode ser feito e o que não se deve fazer, sob o risco de criar problemas.

"Pode usar camiseta ou boné do candidato. Pode ir de bermuda. Tudo isso é muito brasileiro. O que não pode é tentar influenciar pessoas na fila, fazer boca de urna ou criar qualquer tipo de ambiente que fuja da ideia de harmonia e respeito às diferenças". Carlos Cunha explica também o limite para o uso de celular. "Pode abaixar o aplicativo e-título para se identificar no Colégio Eleitoral. Mas terá que deixá-lo na mesa, antes de ir para a urna de votação. Alí estão os fiscais e mesários que não vão deixar nada de errado acontecer com seu aparelho".

Importância da colinha

Outra grande dica do juiz eleitoral Carlos Cunha é para que o eleitor prepare uma colinha antes de sair de casa para a votação, com os números dos candidatos escolhidos.

"Está comprovado que com a colinha em mãos a votação é muito mais rápida. É só seguir a sequência e em menos de 1 minuto está concluída. Se todos fizessem assim teríamos uma eleição concluída em tempo recorde". Para facilitar ainda mais, a sequência ideal deve ser igual à sequência que aparece na urna eletrônica... Vota-se primeiro para deputado federal (4 números), depois para estadual (5 números), na sequência para senador (3 números) e os dois últimos são governador (2 números) e presidente (2 números), nesta ordem.

 
Para não haver erro em relação ao local de votação, especialmente para os eleitores que tiraram título na última semana do prazo, Luciana Diniz Daniel, Chefe da 270ª ZE, disse que é preciso ver se o local escolhido no momento do cadastro online é o mesmo ao que foi validado pelo Cartório Eleitoral.

"No momento em que fomos avaliar o pedido, constatamos que em várias escolas escolhidas não tinham mais vagas. Fomos obrigado então a cadastrar o eleitor na escola mais próxima da solicitada. Por isso a importância, para os eleitores que se enquadram nessa situação, de checar antes o local de votação e saber onde ir e não perder viagem, sob o risco de ficar sem saber o que fazer", explicou ela. A orientação, portanto, é baixar o e-título ou verificar no site do TRE ou ainda do TSE. 

Cartório Eleitoral

Em Piracicaba são três Zonas Eleitorais: 270ª, 244ª e 93ª, sendo que a maior delas é a 270ª. Elas incorporam também as cidades de Saltinho, Charqueada, Rio das Pedras, Águas de São Pedro e São Pedro. Ao todo, são 307.053 eleitores, distribuídos em 104 colégios eleitorais, sendo 52 da 270ª, 39 da 93ª e 13 da 244ª. Para fiscalizar toda essa estrutura é composta uma parceria, envolvendo representantes do próprio cartório, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e OAB, uma equipe de pelo menos 120 profissionais.

A divulgação dos resultados da urna começam a sair a partir das 17 horas, quando encerram as eleições na cidade e as urnas são enviadas ao Cartório Eleitoral para a transmissão de dados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de onde saem os números finais divulgados ao público. Candidatos, líderes partidários, envolvidos nas campanhas, autoridades, todos eles costumam acompanhar a divulgação dos resultados em clima de festa em frente ao Cartório Eleitoral. Uns perdem, outros ganham, mas a democracia sai sempre fortalecida.

A máxima, depois dessa longa maratona estressante que é o período de campanha eleitoral, não pode fugir de um parâmetro universal. Os candidatos a deputados federais eleitos vão representar não apenas o Estado de São Paulo, mas o país inteiro. O mesmo vale para senadores. Os deputados estaduais vão representar todos os paulistas, postura que deve ser ainda mais enfática para o governador.

No caso do presidente, ele se torna o representante máximo de todos os brasileiros. Está certo que mão há segundo turno para cargos parlamentares. Mas existem altas chances de haver para governador e presidente. Nesse caso, teremos mais um mês de tensão. Uma possibilidade indicada pelas pesquisas de opinião. No entanto, esse já é assunto para segunda-feira, quando viveremos a grande ressaca democrática.

Análise 

Nem sempre o candidato que desejamos está entre aqueles com mais chances de se eleger. Mas este não deve ser um motivo para desestímulo.

O primeiro turno é o momento ideal para que suas ideias sejam representadas por aquele candidato que você tem maior afinidade, mesmo que ele fique lá atrás na contagem final dos votos. Porque, se ele tiver força política, os dois primeiros colocados, que disputarão o segundo turno, se isso ocorrer, terão que dialogar com os demais que foram bem votados, para se definir uma nova composição de poder.

Ou seja, as propostas e ideias do seu candidato acabam, de alguma forma, sendo incorporada à plataforma do candidato apoiado por ele no segundo turno. Por isso, não se deixe levar pela tese de voto útil. A diversidade de ideias e de leituras de Brasil devem aparecer hoje. No segundo turno será outra história.

Não há motivo para voto útil no momento, a não ser que a intenção seja evitar o segundo turno, em que seu candidato pode correr o risco de derrapar, mesmo sendo um dos favoritos no pleito até aqui. Trata-se de uma estratégia compreensível, mas desinteressante quando se pensa em evitar a concentração de poder nas mãos de um único candidato, quando eleito. Este raciocínio, evidentemente, vale para os cargos majoritários, de governador e presidente. O segundo turno seria assim um momento de composição de forças e de demonstração das habilidade política dos dois candidatos que o disputarão.
O seu candidato terá, antes do segundo turno, a oportunidade de se manifestar e dizer a que veio. Definir participação nesse ou naquele palanque de um dos dois líderes. Ou ainda, ficar neutro. O voto útil tira essa beleza da diversidade, que é a almejada nessas eleições, com os resultados do primeiro turno. 

Mas se seu candidato for um dos dois primeiro colocados, a sorte já está lançada. Nem sempre as pesquisas acertam e há fortes expectativas de ambos os lados sobre vitória logo no primeiro turno. Dentro das regras legais, como diz o filósofo Felipe Pondé, vale tudo para conquistar o voto e ser eleito. Inclusive porque, alguém precisa ganhar as eleições e exercer o poder que lhe compete por lei.

O vitorioso vai governar o país nos próximos quatro anos. O desejo é que o vitorioso cumpra de fato a máxima de representar o país, sem o calor das disputas, sem o risco de dividir o país, questões que devem ficar apenas no período eleitoral, que se encerrou. Respeito à democracia é isso.