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Dor, solidão, medo: as histórias dos sobreviventes da COVID-19

A morte à espreita no hospital, o medo de morrer só, desespero e desorientação em casa, solidão, raiva e o desejo de compartilhar ou mudar de vida: 12 pessoas de várias partes do mundo, sobreviventes da COVID-19, compartilham histórias comoventes e angustiantes da dor e do medo que sentiram após se contagiarem com o vírus: Sem ter condições de saúde pré-existentes, o professor de engenharia sul-coreano Park Hyun, de 47 anos, disse que a princípio pensou que o coronavírus não fosse o que ele tinha, até desenvolver sintomas que acabaram levando-o a precisar de cuidados intensivos na cidade de Busan, sul do país

AFP
07/04/2020 às 07:07.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:34

A morte à espreita no hospital, o medo de morrer só, desespero e desorientação em casa, solidão, raiva e o desejo de compartilhar ou mudar de vida: 12 pessoas de várias partes do mundo, sobreviventes da COVID-19, compartilham histórias comoventes e angustiantes da dor e do medo que sentiram após se contagiarem com o vírus:

Sem ter condições de saúde pré-existentes, o professor de engenharia sul-coreano Park Hyun, de 47 anos, disse que a princípio pensou que o coronavírus não fosse o que ele tinha, até desenvolver sintomas que acabaram levando-o a precisar de cuidados intensivos na cidade de Busan, sul do país.

Começou com tosse seca e dor de garganta, contou, seguidas dias depois de uma falta de ar tão severa que ele desmaiou enquanto aguardava o teste do coronavírus no hospital.

O resultado deu positivo e ele deu entrada no hospital, onde sua condição flutuou absurdamente todos os dias. Várias vezes, pensou que fosse morrer.

"Foi como uma montanha-russa", contou. "Senti como se uma placa grossa pressionasse meu peito e também agulhas perfurando-o".

Alguns dos seus sintomas podem ter sido efeitos colaterais do tratamento, acredita.

Mas oito dias depois, com dois testes negativos, ele recebeu alta.

"Fiquei muito mal", disse Park. Sempre que melhorava um pouco, "pensava que aquela podia ser a última vez em que poderia escrever alguma coisa na vida", acrescentou.

"Então, tentei escrever alguma coisa curta no Facebook para compartilhar com amigos".

O cardiologista Fabio Biferali passou oito dias "isolado do mundo" no hospital Policlínico Umberto I, em Roma, em uma ala de ortodontia, adaptada para abrigar uma unidade de cuidados intensivos.

Descrevendo a dor que sentiu como "estranha", o médico de 65 anos disse que era como se tivesse um macaco pequeno nas costas, sensação descrita também por seus pacientes.

A oxigenoterapia foi dolorosa e encontrar a artéria radial era difícil, contou. "Eles faziam isso até duas vezes por dia. Ser médico me ajudou a suportar a dor. Outros pacientes gritavam, desesperados, "Chega!", "Chega!"".

A parte mais difícil, conta, foram as noites, quando ficava sozinho com seus medos.

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