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Duch, o torturador do regime Khmer Vermelho, morre aos 77 anos

O torturador Kaing Guek Eav, conhecido como "Duch", chefe do mais temido centro de detenção do regime do Khmer Vermelho no Camboja e condenado a prisão perpétua, faleceu nesta quarta-feira (2) aos 77 anos

AFP
02/09/2020 às 06:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:56

O torturador Kaing Guek Eav, conhecido como "Duch", chefe do mais temido centro de detenção do regime do Khmer Vermelho no Camboja e condenado a prisão perpétua, faleceu nesta quarta-feira (2) aos 77 anos.

Duch "morreu no hospital", declarou Neth Pheaktra, porta-voz do tribunal cambojano apoiado pela ONU para julgar os crimes do regime Khmer Vermelho.

A causa da morte não foi divulgada, mas Duch "sofria de uma doença pulmonar há vários anos", afirmou à AFP uma fonte que pediu anonimato.

Duch dirigiu a Tuol Sleng, conhecida como S-21, a prisão central de Phnom Penh, onde 15.000 pessoas foram torturadas antes de serem executadas pelo Khmer Vermelho.

Estabelecida em 17 de abril de 1975, esta ditadura ultramaoísta caiu em 7 de janeiro de 1979, esmagada pelos tanques do Vietnã socialista, "irmão inimigo". O regime matou quase dois milhões de pessoas no país em menos de quatro anos.

Kaing Guek Eav foi o primeiro integrante do Khmer Vermelho a ser condenado por um tribunal por crimes de guerra.

Em 2010, na primeira instância, ele recebeu uma pena de 30 anos de prisão. No julgamento da apelação, em 2012, foi condenado a prisão perpétua.

Nascido em 17 de novembro de 1942 em um vilarejo da província de Kompong Thom, ao norte de Phnom Penh, Duch foi professor de matemática antes de aderir ao Khmer Vermelho em 1967.

Após a queda do regime, ele continuou vinculado ao movimento e mais tarde trabalhou para organizações humanitárias.

Depois de passar anos foragido, ele foi encontrado em 1999 pelo fotógrafo irlandês Nic Dunlop e detido.

Duch foi uma personalidade ambígua. Em um primeiro momento cooperou com a justiça e chorou nas audiências do julgamento em primeira instância, mas depois mudou de estratégia e passou a acusar o tribunal de incompetência.

Seu advogado, o francês François Roux, descrevia Duch como um homem sincero preocupado em "voltar à humanidade". Mas os sobreviventes do regime e a acusação denunciavam suas "lágrimas de crocodilo".

"Meticuloso, zeloso, cuidadoso para que seus superiores o tivessem em boa conta", segundo os psiquiatras, o torturador administrou de forma rigorosa as atividades da prisão.

Durante o primeiro julgamento, entre março e novembro de 2009, ele reconheceu que usou a crueldade, as execuções e o terror como método político.

"Sou responsável emocional e legalmente", admitiu.

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