Conselho Municipal

“É muito difícil lidar com um cenário em que você não é ouvido"

Milton Costa diz que a crise da Saúde é reflexo do isolamento da sociedade pelo governo

Romualdo Cruz Filho
05/01/2023 às 06:40.
Atualizado em 05/01/2023 às 06:40

Milton Costa considera essa situação de distanciamento do grande público em relação ao governo uma consequência natural do estilo do prefeito interagir (Arquivo/Gazeta de Piracicaba)

O presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Milton Costa, relata seu descontentamento com a forma que o prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, tem tratado o órgão de representação da sociedade junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). “A crise da saúde na cidade é um pouco reflexo desse isolamento da sociedade pelo governo, uma vez que há um distanciamento muito grande entre o que se espera do poder público e o que se faz”, afirma

“Eu não tenho dúvida de que a decisão e a forma de administrar do atual governo não são populares e não atendem toda a população. As propostas da população, que passam pela ONGs e Conselhos, para ele, não importam muito. Eu mesmo não tive acesso a ele para conversarmos sobre projetos em pauta. Tive acesso ao secretário Filemon Silvano, mas ele precisa do apoio do Executivo para saber qual encaminhamento dar às questões”, diz Costa.

Segundo o presidente do CMS, essa forma de gestão, de baixa comunicação, acaba por não apresentar resultados práticos à sociedade e as coisas ficam mais no discurso. “Ele não tem resultado para apresentar. Por sua vez, se trabalhasse junto com a sociedade, erraria menos e teria maior êxito. Com isso, a população foi se afastando da gestão pública, porque o Conselho é a população”.

Milton Costa considera essa situação de distanciamento do grande público em relação ao governo uma consequência natural do estilo do prefeito interagir. “É muito difícil lidar com um cenário em que você não é ouvido. Como a sociedade não é atendida e sim surpreendida, as pessoas vão se afastando. Pegam suas espadas e vão lutar sozinhas. O resultado é um CMS apagado e inoperante, devido à falta de participação popular”. 

Ele espera que a população reaja a esta letargia. “As demandas públicas ao CMS desapareceram, porque se viu que não adianta nada levar os problemas até lá. O CMS precisa de papel (formalidade documental) e esses papéis não chegam mais. O caminho acaba sendo reclamar pela imprensa e Câmara Municipal. O CMS perdeu sua força, porque ele não é um prefeito, mas sim um reflexo da população, que não o vê mais como uma caixa de ressonância dos interesses da sociedade, uma vez que o poder público fechou as portas para o diálogo”.

Em síntese, Costa acha que a postura oficial gera muito conflito desnecessário e improdutivo, diluindo os movimentos organizados da sociedade. Ele observa ainda que as reuniões mensais protocolares do CMS continuam acontecendo. O problema é que as informações são reduzidas. Cumprimos nossa missão e lamentamos a ineficácia do governo em nos abastecer com informações. O governo perde por não passar informação para o CMS. É uma postura de ausência, sem comunicação entre as partes”, concluiu.

A prefeitura foi consultada sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição, não se manifestou.

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