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Economia alemã limita perdas, apesar de recessão histórica

Abalada, mas não derrubada. A economia alemã teve em 2020 seu pior ano desde a crise financeira de 2009, com uma queda de 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB), devido à pandemia, mas conseguiu limitar os danos graças ao impulso do setor industrial

AFP
14/01/2021 às 12:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 22:35

Abalada, mas não derrubada. A economia alemã teve em 2020 seu pior ano desde a crise financeira de 2009, com uma queda de 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB), devido à pandemia, mas conseguiu limitar os danos graças ao impulso do setor industrial.

"A economia alemã entrou em recessão profunda, depois de uma década de crescimento", disse o instituto de estatística Destatis em sua apresentação de dados preliminares nesta quinta-feira (14).

A queda da primeira economia da zona euro em 2020 (-5%) é histórica: desde a reunificação, apenas o ano de 2009, em meio à crise financeira, foi pior (-5,7%).

O recuo é, apesar de tudo, menos grave do que o estimado pelo governo, que previa queda de 5,5%. E a Alemanha se sairá melhor do que outros países europeus, como França (-9,3%), Itália (-9,0%), ou Espanha (-11,1%), de acordo com projeções do Banco Central Europeu.

"Em relação aos temores iniciais (...), a economia alemã limita os danos", estima Fritzi Köhler-Geib, economista-chefe do banco público KFW.

Essa situação se deve, principalmente, aos bons resultados da indústria, embora desde novembro novas restrições estejam em vigor no país para conter a propagação do vírus.

Em comparação com a brutal desaceleração da primavera boreal (outono no Brasil), o setor industrial, pilar do modelo econômico, não apresentou redução da atividade no final do ano. Pelo contrário: as encomendas à indústria manufatureira cresceram 2,3% em novembro, o maior valor desde o início da crise, e a produção cresceu 0,9% em um mês.

Há vários meses, estes dois índices têm progredido, graças ao dinamismo do mercado chinês, um dos principais clientes da Alemanha.

"A economia alemã foi menos afetada no segundo confinamento do que no primeiro", confirma o presidente do instituto Destatis, Georg Thiel.

No quarto trimestre, o PIB teria de mostrar "estagnação", segundo o economista Uwe Burkert, do banco LBBW, longe da queda histórica de 9,8% no segundo trimestre, mas experimentará uma desaceleração em relação ao aumento do verão (inverno no Brasil).

As perspectivas para 2021 não são claras, e a esperança de uma clara recuperação está diminuindo, observam os economistas.

As restrições que se mantêm e as medidas de apoio financeiro serão "decisivas para a evolução da situação econômica mundial", insiste Georg Thiel, da Destatis.

Berlim prevê um crescimento de 4,4% em 2021, e de 2,5%, em 2022, ou seja, um retorno à dinâmica de "antes da crise".

O futuro da economia alemã vai depender da evolução da situação da saúde, corrobora a comissão de especialistas em economia que assessora o governo.

"Se, em fevereiro ou março, aliviarmos um pouco as restrições, teremos um crescimento forte no segundo trimestre, como neste verão", considerou o presidente do comitê, Lars Feld, em entrevista ao jornal Handelsblatt.

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