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Egito renova Senado em eleições sem grande contestação

Os egípcios começaram a votar nesta terça-feira para eleger a Câmara Alta do Parlamento, em uma eleição que termina na quarta-feira sem grandes desafios ou consequências políticas para o regime do presidente Abdel Fatah al-Sissi

AFP
11/08/2020 às 09:36.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:57

Os egípcios começaram a votar nesta terça-feira para eleger a Câmara Alta do Parlamento, em uma eleição que termina na quarta-feira sem grandes desafios ou consequências políticas para o regime do presidente Abdel Fatah al-Sissi.

Estão em disputa 200 das 300 cadeiras do Senado.

Os candidatos são essencialmente partidários do chefe de Estado, que em grande parte amordaçou a oposição no Parlamento e fora.

Os outros 100 senadores são indicados por Sissi, ex-general e ex-chefe da inteligência militar que assumiu o poder após a destituição do islâmico Mohamed Mursi, que enfrentou grandes manifestações um ano depois de se tornar o primeiro presidente eleito democraticamente.

"Não acredito que vá acrescentar algo ao cenário político que está imóvel no Egito", estimou Mustafa Kamel al-Sayed, professor de Ciência Política da Universidade do Cairo. Segundo ele, esta votação "pode ser útil como uma forma de recompensar quem apoia Sissi".

Na capital e em outras cidades do país, grandes cartazes promovem candidatos pouco conhecidos do grande público, enquanto vídeos postados na internet explicam o papel do Senado.

A Câmara Alta do Parlamento, abolida após o impeachment de Mursi quando se chamava Conselho Consultivo, foi restaurada por meio de uma revisão constitucional controversa em abril de 2019, amplamente adotada por referendo.

Na época da presidência de Hosni Mubarak, que renunciou sob a pressão de uma revolta popular durante a Primavera Árabe de 2011, a Câmara Alta era essencialmente reservada para a elite e membros de seu agora dissolvido Partido Nacional Democrático (PND).

A votação acontece em meio à nova pandemia de coronavírus, cujo número de infecções está diminuindo nas últimas semanas no Egito (178 novos casos na segunda-feira para um total de 95.492 casos e 5.009 mortes).

Os resultados serão conhecidos no dia 19 de agosto.

O Senado, cujo mandato é de cinco anos e onde 10% dos assentos devem ser atribuídos a mulheres, exerce poucos poderes formais.

Sua missão é "examinar e propor o que pode fortalecer os pilares da democracia, apoiar a paz social e as bases da sociedade".

"As posições da Câmara Alta devem ser levadas em consideração e raramente foram ignoradas na história da assembleia legislativa", explicou o deputado Mohamed Abu Hamed à AFP.

"No entanto, suas posições não são juridicamente vinculativas", acrescentou.

A Câmara Baixa tem mais poder, mas os críticos há muito denunciam o papel reduzido do Parlamento, que tem apenas um pequeno bloco de oposição.

Sob a presidência de Sissi, eleito em 2014 e reeleito em 2018, o Egito lançou uma vasta campanha contra o movimento islâmico, especialmente contra a Irmandade Muçulmana, mas também contra militantes de esquerda, jornalistas e blogueiros.

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