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Eleições presidenciais: candidata surpresa elogia o "despertar" de Belarus

A rival surpresa do chefe de Estado Alexander Lukashenko nas eleições presidenciais de Belarus, Svetlana Tikhanovskaïa, comemorou nesta sexta-feira (7) o "despertar" de seus concidadãos, mobilizados em número inesperado por sua candidatura, mas acreditando que a votação será fraudada

AFP
07/08/2020 às 14:36.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:11

A rival surpresa do chefe de Estado Alexander Lukashenko nas eleições presidenciais de Belarus, Svetlana Tikhanovskaïa, comemorou nesta sexta-feira (7) o "despertar" de seus concidadãos, mobilizados em número inesperado por sua candidatura, mas acreditando que a votação será fraudada.

Desconhecida do público há alguns meses, essa professora de inglês conseguiu o feito, em um país sem forte oposição, de reunir multidões nunca vistas em Belarus, pedindo que o povo não tema votar no domingo para se opor ao regime em vigor há 26 anos.

"As pessoas estão acordando, redescobrindo sua autoestima (...) "Por que minha voz é jogada no lixo? Por que não sou ouvido? Por que não posso dizer nada, já que serei preso imediatamente depois?"", disse ela durante uma entrevista com a AFP em Minsk, dois dias antes da eleição.

Ela estima, no entanto, que é "impossível" esperar uma votação livre e justa, quando observadores internacionais independentes nem sequer foram convidados.

"Não seremos capazes de impedir as fraudes, que já ocorrem desde o início da votação antecipada na terça-feira", lamentou.

"Precisamos ser realistas", disse ela, recebendo a AFP em um prédio comercial, vestindo um vestido branco.

Apesar de sua capacidade inesperada de reunir multidões desde o início de julho em Minsk e nas províncias, ela diz que não quer convocar manifestações de protesto, que seriam severamente reprimidas pelo governo.

"Os que estão acima não sabem o que é uma manifestação pacífica. Eles fariam qualquer coisa para torná-la um banho de sangue", acusou.

"Cada bielorrusso deve escolher por si próprio" se deve ou não sair às ruas, acrescenta ela, admitindo que "muitos ainda não acordaram" nesta antiga república soviética situada entre a UE e a Rússia.

Ela também nega ter recebido qualquer ajuda ou dinheiro da Rússia, como acusa o regime, que afirma ter prendido 33 mercenários de um grupo próximo ao Kremlin pronto para organizar um "massacre" com a cumplicidade de opositores.

Apresentando-se como uma "mulher comum", essa mãe que desistiu de sua carreira para se dedicar ao filho mais velho, nascido surdo, diz que "tem medo todos os dias" da repressão, a mesma sofrida pelo marido Serguei.

Um proeminente blogueiro, ele foi preso em maio, depois de se candidatar prometendo esmagar "a barata" Alexander Lukashenko. Sua esposa assumiu a tarefa, acima de tudo "por amor" a ele.

"Minha popularidade não está ligada a mim ou ao meu status de candidata e política. As coisas aconteceram dessa maneira e as pessoas depositaram suas esperanças em mim, todos os seus desejos de mudança", continua a jovem.

Se vencer, prometeu permanecer no poder apenas o tempo suficiente para libertar presos políticos, organizar reformas constitucionais e novas eleições.

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