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Enfraquecido, Trump caminha para uma nova derrota no Congresso

Depois de ceder à pressão e assinar um pacote de estímulo econômico de 900 bilhões de dólares para o alívio da crise do coronavírus, Donald Trump enfrenta esta semana outro potencial constrangimento com o Congresso pronto para derrubar seu veto a uma lei de defesa no final de seu mandato

AFP
28/12/2020 às 17:09.
Atualizado em 24/03/2022 às 00:22

Depois de ceder à pressão e assinar um pacote de estímulo econômico de 900 bilhões de dólares para o alívio da crise do coronavírus, Donald Trump enfrenta esta semana outro potencial constrangimento com o Congresso pronto para derrubar seu veto a uma lei de defesa no final de seu mandato.

Uma maioria de dois terços dos 435 membros da Câmara dos Representantes e do Senado, que tem 100 cadeiras, é necessária para suspender o veto de Trump pela primeira vez e parece provável que seja alcançada.

A Lei de Autorização da Defesa Nacional de 740,5 bilhões de dólares foi aprovada este mês na Câmara dos Representantes controlada pelos democratas e no Senado, onde os republicanos são a maioria. Na primeira, foi aprovada por 335 a 78 e no Senado, por 84 a 13.

No entanto, Trump a vetou porque não revogou a chamada Seção 230, uma lei federal que concedia proteção legal à responsabilidade das empresas de internet, e também porque incluía a eliminação dos nomes dos militares do sul escravocrata da Guerra Civil (1861-65) que identificavam várias bases das Forças Armadas.

A Câmara vota contra o veto de Trump nesta segunda-feira e os democratas dizem que tem votos republicanos suficientes para vencer. O Senado deve tratar do assunto na terça-feira.

Para Trump, um magnata do setor imobiliário que se orgulha de seu poder de barganha, os últimos dias foram uma humilhação constante.

O presidente ameaçou repetidamente não ratificar o plano de alívio contra a covid e as despesas orçamentárias aumentadas que haviam sido negociadas por seu próprio Secretário do Tesouro e receberam amplo apoio de ambos os partidos no Congresso.

Sua atitude inesperada deixou os Estados Unidos à beira da paralisação do governo federal a partir da terça-feira e de privar milhões de pessoas da ajuda para enfrentar os prejuízos econômicos da pandemia.

Finalmente, no domingo, ele voltou atrás e a assinou em sua casa de férias em Mar-a-Lago, na Flórida, sem câmeras de televisão.

Na tentativa de salvar sua imagem, Trump emitiu um comunicado no qual protestou novamente contra as eleições de novembro, nas quais foi derrotado e, ao mesmo tempo, alegou que havia conseguido várias concessões.

O episódio mostrou o quão isolado Trump está ao insistir em protestar no Twitter pela vitória que o democrata Joe Biden tirou dele nas eleições de novembro, para quem deve ceder o poder em 20 de janeiro.

Em um sinal de sua influência decrescente, o New York Post, de propriedade de Rupert Murdoch, um dos mais fervorosos apoiadores de Trump, publicou um editorial na noite de domingo pedindo-lhe para "parar com a loucura" e admitir que perdeu a eleição.

"Senhor presidente, é hora de acabar com essas travessuras sombrias", disse o jornal. "Entendemos, senhor presidente, que o senhor esteja com raiva por ter perdido. Mas seria desastroso continuar neste caminho", continuou ele. "Se você insiste em passar seus últimos dias no gabinete colocando fogo em tudo, você será lembrado por isso".

Segundo o jornal, a história o lembrará "não como um revolucionário, mas como um anarquista com um fósforo na mão".

A conta de Trump no Twitter ficou estranhamente silenciosa nas primeiras horas da segunda-feira, quando o presidente se encaminhava para jogar no Trump International Golf Club.

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