INTERNACIONAL

Epicentro do vírus na Itália, Bérgamo usa o futebol para voltar a viver

Uma das maiores vítimas da pandemia do coronavírus na Itália, Bérgamo é uma cidade mártir que tenta voltar a viver e que se reencontrará neste domingo com sua equipe de futebol, a Atalanta, que atravessa temporada histórica

AFP
20/06/2020 às 14:14.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:31

Uma das maiores vítimas da pandemia do coronavírus na Itália, Bérgamo é uma cidade mártir que tenta voltar a viver e que se reencontrará neste domingo com sua equipe de futebol, a Atalanta, que atravessa temporada histórica.

As imagens de dezenas de caixões reunidos na igreja do cemitério da cidade deram a volta ao mundo.

"Foram meses difíceis. Há um grande alívio agora. Voltamos a ter uma situação relativamente normal", explicou recentemente o prefeito da cidade, Giorgio Gori.

"Na província, houve 6.000 mortes a mais que o normal neste período, 670 em Bérgamo. O equivalente a 45.000 em Nova York", completou Gori.

Praticamente todos os habitantes perderam um amigo, um colega ou um vizinho durante a pandemia. E o duelo de ida das oitavas de final da Champions entre a Atalanta e o Valencia, em 19 de fevereiro, teve um papel-chave na epidemia.

Naquele dia, 45.792 espectadores assistiram à vitória da Atalanta por 4 a 1 no estádio San Siro, em Milão.

A cada gol, milhares de abraços nas arquibancadas e nos bares.

A ameaça do coronavírus ainda parecia longe, num momento em que não existia nenhum caso da doença na Itália.

Mas, a partir de 4 de março, a curva de contaminados em Bérgamo começou a subir drasticamente e a partida da Champions foi uma verdadeira "bomba biológica", segundo o relato de alguns especialistas.

Após a partida de volta, em 10 de março de Valencia, o técnico da Atalanta, Gian Piero Gasperini, prometeu uma "grande festa", só que "mais tarde". E o clube pediu aos torcedores que não se reunissem para celebrar a histórica classificação para as quartas de final da Champions. Naquele momento, o vírus já fazia um estrago na Itália.

Submetida, como o restante do país, a rigorosas medidas de confinamento por dois meses, Bérgamo começou a reviver a partir de 4 de maio.

Mas, na parte alta da cidade, onde costumam se reunir hordas de turistas, há pouca gente nas ruas.

"Em geral, servimos 150 mesas ao meio-dia e 50 à noite. Agora, com sorte, podemos chegar a 20 meses no dia todo", relatou à AFP Marcello Menalli, proprietário do "Caffè del Tasso", um dos mais antigos restaurantes da Itália.

Neste domingo, o futebol permitirá a Bérgamo dar um passo a mais rumo à normalidade, quando a Atalanta receber o Sassuolo em sua primeira partida desde a suspensão do futebol, em 9 de março.

Quarto colocado no Campeonato Italiano, com chances de classificação para a próxima Champions, o clube vive sua melhor temporada na história.

"Quando penso nisso, me parece absurdo. Esta felicidade esportiva coincide com uma imensa dor na cidade", declarou Gasperini ao diário "La Gazzetta dello Sport".

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