Segurança alimentar

Esalqueanos reclamam da qualidade das marmitas

Prefeitura do Campus explica que fornecedora de marmitas não renovou contrato e fornecimento está sendo feito de forma emergencial

Romualdo Cruz Filho
12/04/2022 às 06:59.
Atualizado em 12/04/2022 às 07:03
Em carta aberta afirmam que há grande número de moradores da CEU em situação de vulnerabilidade socioeconômica (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Em carta aberta afirmam que há grande número de moradores da CEU em situação de vulnerabilidade socioeconômica (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Alunos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU), divulgaram na sexta-feira (8) carta aberta em que manifestam as dificuldades que enfrentam com alimentação no dia a dia dos estudos, e buscam assim "melhorias nas condições alimentares dentro da Gloriosa". 

Segundo a carta, moram na CEU mais de 100 estudantes "os quais utilizam como únicas possibilidades de sustento da sua graduação os benefícios de vaga na moradia estudantil e auxílio alimentação disponibilizados a partir da análise socioeconômica pelo Programa de Permanência e Formação Estudantil da USP (PAPFE), além de uma renda mensal de R$ 500 proveniente do Programa Unificado de Bolsas (PUB) em projetos de pesquisa ou extensão, em alguns casos". 

Eles destacam que há um grande número de moradores da CEU em situação de vulnerabilidade socioeconômica e principalmente de insegurança alimentar, "dependentes da marmita fornecida pelo restaurante universitário durante a semana". Sendo assim, decidiram deixar evidente à sociedade e à prefeitura do campus que buscam "garantir o acesso à alimentação nos finais de semana, o oferecimento de café da manhã, para os estudantes em situação de vulnerabilidade, e melhoria na qualidade das marmitas do RUCAS. "Mas, acima de tudo, reivindicamos por um Programa de Permanência e Formação Estudantil mais eficiente e digno, que não ignore a fome e todas as outras dificuldades que os membros da CEU, e todas as outras pessoas que se sentem aqui representadas".

Prefeitura do Campus

Em nota, a prefeitura do campus explicou que a pandemia trouxe dificuldades adicionais para garantir a qualidade do serviço, uma vez que o contrato com a empresa anterior não foi renovado, por decisão da própria empresa, que se viu prejudicada pela queda de receita, em decorrência do fechamento do restaurante no período pandêmico e o aumento dos custos dos alimentos.

Por isso houve a necessidade de abertura de uma nova licitação, prevista para ser concluída em junho, no valor de R$ 7,6 milhões por ano. Até lá, foi feito um contrato temporário, dentro do limite orçamentário legal, para suprir os meses de março a junho, com capacidade de fornecer 40 mil marmitas, considerado volume suficiente para atender a demanda, composta por alunos com direito a bolsa alimentação que passaram por avaliação socioeconômicas para obtenção da ajuda.

"A modalidade de contratação escolhida, a fim de se conferir maior celeridade à sua efetivação, possui um teto de valor permitido (R$ 650 mil). Esse volume máximo contratado, infelizmente, não atende a totalidade de usuários do campus, de modo que foi dada prioridade àqueles que são bolsistas, que passaram por avaliação socioeconômica. Nas refeições em que há sobra de marmitas, o excedente é entregue ao restante da comunidade por ordem de chegada", explica nota da prefeitura da Esalq. 

Roberto Arruda, prefeito do Campus da Esalq, explicou que a reivindicação dos alunos está relacionada a uma questão mais antiga. "Eles pedem aumento no valor da bolsa, refeições nos finais de semana e a reabertura do restaurante. Mas o restaurante precisa ser preparado para começar a operar sob a nova licitação.

Há também, por parte deles, uma solicitação para que todo o público estudantil com perfil socieconômico de vulnerabilidade seja atendido, o que quadruplicaria o consumo de marmitas. Eles exigem ainda a melhoria na qualidade dos produtos fornecidos".
Arruda contou que tem sido rigoroso na exigência de qualidade.

"Tanto é que desde o dia 17 de março, quando iniciamos o atendimento, já emitimos 10 notificações contra a empresa fornecedora, criticando o peso, o padrão dos alimentos, entre outros aspectos. Pela última notificação foram devolvidas todas as frutas, por exemplo. A única alternativa que vejo para que o processo seja acelerado é a devolução de todas as marmitas contratadas. No entanto, isso prejudicará ainda mais os estudantes que mais precisam da alimentação, uma vez que correríamos o risco de ter que ficar até junho sem refeição alguma. Isso, no entanto, já não depende da nossa decisão", concluiu. 

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