INTERNACIONAL

Esquerda radical vence extrema direita na região alemã da Turíngia

Após um mês de paralisia, o candidato de extrema esquerda Bodo Ramelow foi eleito nesta quarta-feira como chefe da região alemã da Turíngia, enfrentando um candidato de extrema direita e sem a ajuda dos conservadores de Angela Merkel

AFP
04/03/2020 às 14:08.
Atualizado em 07/04/2022 às 08:44

Após um mês de paralisia, o candidato de extrema esquerda Bodo Ramelow foi eleito nesta quarta-feira como chefe da região alemã da Turíngia, enfrentando um candidato de extrema direita e sem a ajuda dos conservadores de Angela Merkel.

Esta eleição põe fim, provisoriamente, a uma crise política de escala nacional e desestabilizou o movimento da chanceler, dividida entre a tentação de apoiar a extrema direita ou a esquerda radical.

O presidente em fim de mandato, Ramelow (Die Linke), 64 anos, foi eleito com uma relativa maioria de 42 dos 92 votos pelo parlamento desta região, graças em particular ao apoio dos social-democratas do SPD e dos ambientalistas.

Os conservadores da União Democrata-Cristã (CDU) e os liberais do FDP se abstiveram.

Enfrentando nas duas primeiras rodadas o candidato de extrema direita Bjorn Höcke, ele foi finalmente eleito no terceiro turno, após a desistência de seu oponente.

Com o rosto fechado após várias semanas de impasse e negociações nos bastidores, foi empossado após a proclamação de sua vitória.

Em fevereiro, a eleição do candidato do pequeno partido liberal FDP, graças aos votos da CDU e da extrema direita da Alternativa para a Alemanha (AfD), causou um terremoto na Alemanha e dentro do partido da chanceler, quebrando um tabu do pós-guerra.

O líder liberal teve que renunciar 24 horas depois, mergulhando as instituições em paralisia.

Essa crise política teve repercussões na CDU, com a pupula de Angela Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, renunciando à presidência do partido e à chancelaria em 2021.

A eleição de hoje por pouco não foi cancelada. Um deputado da CDU, potencialmente exposto ao coronavírus, teve que realizar testes, que deram negativo na terça-feira à noite. Caso contrário, a eleição teria sido adiada sine die.

Com esta última ameaça dissipada, a eleição opôs Ramelow e Bjorn Höcke, líder local da AfD.

Höcke, 47 anos, é o líder da ala mais radical da AfD, que está sob vigilância dos serviços de inteligência.

Anti-imigrante, essa ala não hesita em questionar a cultura do arrependimento pelos crimes nazistas, a base da identidade alemã do pós-guerra.

Ramelow, que perdeu a maioria de esquerda nas eleições de outubro, recebeu, sem surpresa, o apoio dos social-democratas e ambientalistas. Mas não conseguiu convencer quatro deputados adicionais para alcançar a maioria absoluta de 46 votos e, assim, ser eleito no primeiro ou no segundo turno.

Até agora, o partido de Angela Merkel, que elegerá um novo presidente e provável candidato à Chancelaria em 25 de abril, sempre descartou votar em candidatos de extrema esquerda, devido em parte a seus supostos laços com o antigo regime da Alemanha Oriental.

Para ajudá-los a resolver o dilema, Ramelow pediu esta manhã que "se abstivessem de votar", enfatizando que estava pronto para aguardar o terceiro turno da eleição.

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