INVASÃO AO PRÉDIO

Estudantes ocupam reitoria da Unicamp em protesto

Eles protestam contra os cortes de despesas da instituição

Correio.com
faleconosco@rac.com.br
11/05/2016 às 12:51.
Atualizado em 28/04/2022 às 05:24
Os estudantes já haviam ocupado o prédio da Faculdade de Educação (César Rodrigues/AAN)

Os estudantes já haviam ocupado o prédio da Faculdade de Educação (César Rodrigues/AAN)

Um grupo de alunos invadiu a reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em protesto contra os cortes de despesas anunciado no fim de abril. Cerca de 600 pessoas entraram no prédio administrativo da universidade no começo da noite desta terça (10). Os estudantes levantam outras bandeiras durante o protesto, entre elas, um novo programa de cotas e também são contra o impeachment da presidente Dilma. Pelas redes sociais, o grupo publicou um texto no qual explica as razões da ocupação. A decisão foi tomada após assembleia. No final da manhã desta quarta-feira (11), os estudantes informaram, por meio de uma fan page no Facebook, que a administração cortou o acesso à internet. Durante todo o dia, estão programadas assembleias com estudantes de vários institutos, que prometem paralisar atividades. Cortes A Unicamp nega que haverá cortes de 50% dos recursos na área da Saúde. A medida adotada pela universidade para reduzir custos é não preencher 50% das vagas disponibilizadas para a contratação no setor. As já preenchidas serão mantidas. Em nota, a universidade informa que a medida é resultado de um acordo com os diretores das unidades de ensino e pesquisa e da área de saúde. As atividades de assistência do complexo hospitalar estão mantidas. Para os demais institutos e faculdades, a medida foi a mesma: contenção de 25% nas vagas para a reposição este ano. A reitoria informou, por meio de nota enviada à imprensa, que as pró-reitorias também estão ocupadas, mas ressalta que as aultas ocorrem normalmente. A universidade diz, ainda, que irá adotar "as medidas cabíveis". Veja íntegra da nota oficial emitida pela Unicamp "A reitoria da Unicamp foi surpreendida por volta das 23 horas de ontem (dia 10) com a ocupação de suas instalações, que incluem as pró-reitorias, no campus de Campinas. A reitoria desconhece a motivação do ato e estranha que a ocupação tenha ocorrido sem qualquer reivindicação prévia por parte dos manifestantes. Nesse momento, a Administração Central avalia o quadro a fim de tomar as medidas cabíveis. Importante esclarecer que todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão funcionam normalmente". Abaixo segue a íntegra do comunicado dos estudantes publicado em redes sociais: "Nós, estudantes da Unicamp reunidos nesse dia 10 de maio em assembleia geral com cerca de mil pessoas, decidimos construir a greve geral e ocupamos a reitoria da universidade sob o mote “COTAS SIM, CORTES NÃO! CONTRA O GOLPE E PELA EDUCAÇÃO, PERMANÊNCIA E AMPLIAÇÃO”. O reitor, Tadeu, anunciou no dia 28 de abril um plano de “contingenciamento” que na prática significará o corte de cerca de R$ 40 milhões do orçamento da UNICAMP. Esse corte congelará os concursos, a contratação de professores e funcionários e afetará a carreira docente. A continuidade das obras, a manutenção de prédios e o atendimento à infraestrutura da universidade serão paralisados. Muitos institutos, faculdades e também os colégios técnicos ligados à Unicamp, o Cotuca e Cotil, serão afetados, com destaque para a área da Saúde que terá cortes de gastos nos plantões e a reposição de médicos e enfermeiros será reduzida. Serviços como transporte fretado e cópias de impressão serão parcialmente cortados e já acontecem novas demissões de trabalhadores terceirizados, que já têm um trabalho ultra-explorado e salários injustos. Se depender do plano da reitoria a moradia estudantil, que foi conquistada pela luta dos estudantes, mas há vinte anos não atende a demanda, terá seus problemas aumentados (hiperlotação, falta de camas, curtos na rede elétrica, infiltrações, etc.) e a ampliação não acontecerá, ao contrário das falsas promessas do Tadeu. As bolsas que garantem a permanência dos estudantes serão reduzidas, inclusive aquelas que (absurdamente) exigem a contrapartida do trabalho. O corte fortalece também o racismo estrutural da universidade, mantém a restrição do acesso da juventude negra à Unicamp, que continua sendo a "diferentona", por não possuir uma política de cotas étnico-raciais. Não aceitaremos nenhum desses ataques, por isso ocupamos a reitoria e queremos que todas as nossas reivindicações sejam atendidas! Entendemos que este corte é uma medida preparatória para um projeto maior de precarização, privatização e desmonte da universidade pública, imposto pelo governo do estado, conciliado com as reitorias e a mais alta burocracia das estaduais paulistas. Mas não deixaremos que precarizem as nossas condições de estudo, pesquisa e nem as de trabalho! Por isso queremos nos unificar com os estudantes da USP, da UNESP e os secundaristas das escolas estaduais e ETECs de São Paulo, bem como a todos os trabalhadores, contra os ataques das reitorias e do governo Alckmin, que rouba merenda e manda sua polícia bater em estudantes que lutam, enquanto destrói a educação de todo o estado. Se Tadeu e Alckmin vêm quentes com seus ataques, nós gritamos que a nossa luta só começou e já estamos fervendo!".

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