Os Estados Unidos repatriaram todos os jihadistas americanos processados por apoiar o grupo Estado Islâmico e detidos na Síria e Iraque, e pediram aos outros países que "assumam suas responsabilidades" e sigam o exemplo de Washington
Os Estados Unidos repatriaram todos os jihadistas americanos processados por apoiar o grupo Estado Islâmico e detidos na Síria e Iraque, e pediram aos outros países que "assumam suas responsabilidades" e sigam o exemplo de Washington.
O Departamento de Justiça anunciou nesta quinta-feira (1º) que um total de 27 cidadãos americanos foram transferidos de centros de detenção controlados pelas Forças Democráticas Sírias (FDS) - a aliança de combatentes curdos e árabes apoiada por Washington que lidera o combate ao EI -, informou o departamento em comunicado.
Seamus Hugues, especialista em um programa de pesquisa sobre o extremismo da Universidade George Washington, declarou à AFP que os americanos representavam somente uma pequena parte dos combatentes que se uniram ao grupo jihadista.
Entre os jihadistas repatriados estão Emraam Ali, de 53 anos, e seu filho Jihad, de 19. Ambos foram acusados na quarta-feira por um tribunal federal de Miami de "apoio material a uma organização terrorista estrangeira" e podem receber sentença de até 20 anos de prisão.
Em 2015, Emraan Ali, nascido em Trinidad e Tobago e naturalizado americano, se uniu ao EI ao lado da esposa, o filho Jihad, que na época tinha 14 anos, e outros cinco filhos.
Jihad e o pai participaram de combates e foram capturados perto de Baghouz, na Síria, em março de 2019, quando caiu o último bastião do Estado Islâmico na região.
O advogado Thomas Durkin denunciou os "objetivos políticos" do Departamento de Justiça, acusado de usar de maneira arbitrária a definição vaga de "apoio material".
No caso de Jihad Ali, as acusações contra ele são "um pouco absurdas quando se leva em consideração a idade que tinha quando seu pai o levou", lembrou Durkin.
O destino dos milhares de combatentes estrangeiros detidos na Síria e no Iraque, muitas vezes ao lado de esposas e filhos, divide os Estados Unidos e seus aliados.
Um sinal do abismo entre as posturas internacionais sobre o tema foi dado em agosto, quando os Estados Unidos vetaram uma resolução das Nações Unidas sobre o destino de combatentes estrangeiros, porque o documento não previa sua repatriação.
Nathan Sales, coordenador do combate ao terrorismo do Departamento de Estado, pediu a "outros países, especialmente os da Europa Ocidental, que se responsabilizem por seus cidadãos", repatriando-os para serem julgados.
Washington defendeu por muito tempo a necessidade de devolver os jihadistas presos aos seus países de origem.
Os europeus e os países árabes preferem que sejam julgados e cumpram suas sentenças no país onde cometeram seus crimes.
Onze jihadistas franceses do Estado Islâmico foram condenados à morte no Iraque e outros 150 estão presos na Síria.
Paris se mostra mais propensa a repatriar cidadãos quando crianças estão envolvidas. Cerca de 30 crianças foram trazidas de volta a solo francês, a maioria composta de órfãos.
Washington assumiu a liderança na tentativa de processar os ex-jihadistas Alexandre Kotey e El Shafee el-Sheikh, destituídos de sua nacionalidade britânica. Em ambos os casos, Londres rejeita os pedidos de repatriação dos acusados.