INTERNACIONAL

EUA consideram 'crível' e 'grave' informação sobre presença de tropas eritreias no Tigré

Os Estados Unidos julgam "crível" e "grave" a informação sobre a presença de tropas da Eritreia no Tigré, a região da Etiópia em que os líderes locais enfrentam o governo de Adis Abeba - disse à AFP um porta-voz do Departamento de Estado nesta sexta-feira (11)

AFP
11/12/2020 às 16:52.
Atualizado em 24/03/2022 às 04:11

Os Estados Unidos julgam "crível" e "grave" a informação sobre a presença de tropas da Eritreia no Tigré, a região da Etiópia em que os líderes locais enfrentam o governo de Adis Abeba - disse à AFP um porta-voz do Departamento de Estado nesta sexta-feira (11).

"Estamos cientes dos relatos críveis de um envolvimento militar eritreu no Tigré e consideramos um fato grave", afirmou.

"Pedimos que essas tropas se retirem imediatamente", acrescentou.

O porta-voz da diplomacia americana também mencionou informações sobre "violações dos direitos humanos" na região e pediu a "todas as partes" que respeitem o "direito internacional humanitário", exigindo "uma investigação independente".

"Continuamos pedindo a todas as partes que restabeleçam a paz, protejam os civis, incluindo os refugiados, e autorizem um acesso humanitário sem obstáculos no Tigré", insistiu.

As informações que Washington julga como "críveis" indicam a participação das tropas da vizinha Eritreia junto ao Exército do governo do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.

Este último lançou em 4 de novembro uma ofensiva para perseguir os líderes do Tigré, da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), que desafiam sua autoridade há meses.

Desde sua chegada ao poder em 2018, Abiy Ahmed fez as pazes com a Eritreia, também inimiga frontal da TPLF desde uma sangrenta guerra entre ambos os países de 1998 a 2000. Esse movimento lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz em 2019.

Se for confirmada a presença de tropas eritreias no Tigré, os receios da comunidade internacional de que o conflito se regionalize se tornarão realidade.

O governo etíope, por sua vez, declarou nesta sexta sua intenção de coordenar a entrega de ajuda humanitária no Tigré, em meio a uma queda de braço com a comunidade internacional, que há várias semanas reivindica acesso a essa região do norte do país.

Tigré, onde 600 mil habitantes - incluindo 96 mil refugiados - eram totalmente dependentes de ajuda alimentar antes mesmo do início do conflito, está praticamente isolado do mundo desde o lançamento da operação militar para destituir as autoridades regionais dissidentes.

Abiy Ahmed anunciou em 28 de novembro a tomada da capital regional, Mekele, e o fim dos combates. Poucos dias depois, as Nações Unidas celebraram a obtenção, do governo etíope, de acesso humanitário irrestrito ao Tigré.

No entanto, a organização não foi capaz de implementar o acordo, enquanto o governo etíope reafirma constantemente a autoridade e soberania sobre seu território.

Na tarde de quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou um novo acordo "para missões conjuntas de avaliação", que não gerou comentários do governo da Etiópia.

Nos últimos dias, o governo tem lutado para demonstrar sua capacidade de prestar ajuda por conta própria. Nesta sexta, por exemplo, o gabinete do primeiro-ministro anunciou que o Estado tomaria a decisão sobre o tipo de ajuda distribuída e as zonas de destino.

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