INTERNACIONAL

EUA e Talibã assinam acordo histórico para o futuro do Afeganistão

Os Estados Unidos e o Talibã afegão assinaram, neste sábado (29), um acordo histórico em Doha, que abre caminho para uma retirada total das tropas americanas após 18 anos de guerra e negociações de paz interafegãs sem precedentes

AFP
29/02/2020 às 13:07.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:16

Os Estados Unidos e o Talibã afegão assinaram, neste sábado (29), um acordo histórico em Doha, que abre caminho para uma retirada total das tropas americanas após 18 anos de guerra e negociações de paz interafegãs sem precedentes.

O acordo negociado por um ano e meio no Catar foi assinado pelos principais negociadores das duas partes, Zalmay Khalilzad, do lado americano, e o líder político dos insurgentes afegãos, Abdul Ghani Baradar, na presença do secretário de Estado Mike Pompeo.

Khalilzad e Baradar apertaram as mãos sob os aplausos dos participantes.

Este texto não é um acordo de paz propriamente dito, porque as autoridades afegãs não participaram das discussões inéditas.

Mas os americanos se comprometem em começar imediatamente uma retirada gradual de suas tropas, para reduzi-las dos atuais 13.000 para 8.600 em 135 dias.

Um cronograma que prevê a retirada total de todas as forças estrangeiras do Afeganistão "dentro de 14 meses após a assinatura do acordo", segundo o texto.

Sua partida está, no entanto, condicionada ao cumprimento pelo Talibã de seus compromissos de segurança e ao progresso nas futuras negociações interafegãs, segundo autoridades americanas.

Em contrapartida a essa importante reivindicação do Talibã, os insurgentes concordam em acabar com todos os atos de terrorismo nos territórios que controlam e em iniciar negociações com o governo de Cabul, com o qual até agora se recusaram a falar.

Essas negociações devem começar em 10 de março, de acordo com o acordo, provavelmente em Oslo.

"Se os talibãs não honrarem seus compromissos, perderão a chance de se sentar com os outros afegãos e deliberar sobre o futuro de seu país", disse Mark Esper, chefe do Pentágono, que estava em Cabul para assinar uma declaração conjunta com o governo afegão.

"Os Estados Unidos não hesitariam em cancelar o acordo", alertou.

O Talibã assegura que vai honrar seus compromissos.

"O acordo foi assinado hoje e nosso povo está feliz. Paramos todas as nossas operações militares em todo o país", disse Zabihullah Mujahid, porta-voz do talibãs, à AFP em Cabul.

No futuro imediato, o presidente americano Donald Trump deverá tirar proveito do pacto na campanha pela reeleição em oito meses, argumentando que cumpriu uma de suas principais promessas: acabar com a guerra mais longa dos Estados Unidos.

Apesar das críticas de alguns observadores para quem o acordo concede demais por pouco, o governo Trump assegura que as garantias fornecidas pelos insurgentes respondam ao principal motivo da intervenção americana, lançada em represália aos ataques de 11 de setembro de 2001, realizados pela Al-Qaeda a partir do Afeganistão, então dirigido pelo Talibã.

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