INTERNACIONAL

Eurodeputados 'retiram' Prêmio Sakharov da birmanesa Aung San Suu Kyi

O Parlamento Europeu anunciou, nesta quinta-feira (10), que retirou a líder birmanesa Aung San Suu Kyi da lista de ganhadores do Prêmio Sakharov para os Direitos Humanos, por sua "inação" frente aos "crimes" contra a comunidade rohingya em seu país

AFP
10/09/2020 às 12:02.
Atualizado em 25/03/2022 às 02:26

O Parlamento Europeu anunciou, nesta quinta-feira (10), que retirou a líder birmanesa Aung San Suu Kyi da lista de ganhadores do Prêmio Sakharov para os Direitos Humanos, por sua "inação" frente aos "crimes" contra a comunidade rohingya em seu país.

A decisão de "excluir formalmente" Suu Kyi, que recebeu este prestigioso prêmio em 1990, "de todas as atividades da comunidade premiada (...) penaliza sua inação e sua aceitação dos crimes em curso contra a comunidade rohingya", justifica o Parlamento em uma declaração.

Segundo o Parlamento, a comunidade de vencedores do Prêmio Sakharov serve para aproximar vencedores, deputados e sociedade civil, com o objetivo de "reforçar a cooperação nas ações de direitos humanos".

A vice-presidente do Parlamento Europeu, Heidi Hautala, manifestou nesta quinta sua "preocupação" diante da falta de ação de Suu Kyi na defesa dos rohingyas.

Embora "tenha sido um símbolo da liberdade e da democracia durante muitos anos, nossa instituição observou, com preocupação, que, como conselheira de Estado e ministra das Relações Exteriores, não faz uso de suas funções para defender os direitos dos rohingyas", afirmou.

Hautala acrescentou que, "pelo contrário, (Suu Kyi) foi explícita em seu apoio ao Exército, que estava cometendo esses abusos (...) e se mostrou indigna do Prêmio Sakharov".

O Parlamento Europeu atribuiu o Prémio Sakharov a Suu Kyi "por ter personificado a luta de seu país pela democracia". Então líder da oposição birmanesa, Suu Kyi recebeu o Prêmio Nobel da Paz um ano depois.

Uma fonte do Parlamento explicou que o Prêmio Sakharov foi atribuído a Suu Kyi por sua atividade anterior a 1990, considerada digna de tal reconhecimenton à época, e não pode ser revogado. Hoje, Suu Kyi, de 75, é chefe de facto do governo birmanês.

Desde 2017, cerca de 740.000 Rohingya fugiram dos abusos cometidos pelo Exército birmanês e se refugiaram em Bangladesh, em enormes acampamentos para refugiados.

Esta crise levou Mianmar a ser acusada de "genocídio" perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), o órgão judicial mais importante da ONU.

A outrora mulher símbolo da resistência à ditadura birmanesa é, hoje, marcada como uma pária política no plano internacional. Mesmo assim, continua sendo uma figura querida entre os birmaneses, especialmente os bamar, o grupo étnico majoritário.

Suu Kyi é filha de Aung San, assassinado em 1947, mas considerado o criador do moderno Estado birmanês e "pai da nação".

A campanha para as eleições legislativas previstas para novembro começou na terça-feira no país. Nelas, o partido de Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (NLD), surge como favorito.

ahg-bur/bl/tt

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