INTERNACIONAL

Eventos que reúnem multidões são fatores de propagação do coronavírus

A reunião de uma seita na Coreia do Sul, uma concentração evangélica na Alsácia ou partidas de futebol na Europa

AFP
10/04/2020 às 13:07.
Atualizado em 31/03/2022 às 04:17

A reunião de uma seita na Coreia do Sul, uma concentração evangélica na Alsácia ou partidas de futebol na Europa. Eventos de massa contribuíram para a disseminação do coronavírus em todo o mundo, levantando questões sobre sua organização após o fim do confinamento.

A China acaba de reduzir as restrições em Wuhan, onde a pandemia teria se originado, e alguns países europeus estão começando a estudar estratégias para sair do confinamento.

Mas especialistas alertam para o levantamento antecipado e generalizado das medidas tomadas para interromper a transmissão do vírus.

"O pior cenário seria uma espécie de Dia da Vitória com todos na rua, se abraçando", diz David Lalloo, diretor do Instituto de Medicina Tropical de Liverpool (LSTM).

Em tal situação, "todas as pessoas infectadas e assintomáticas estarão ainda mais suscetíveis à propagação da doença", explicou à AFP, pedindo um retorno gradual à normalidade e "muito mais controlado".

O papel das manifestações na transmissão da doença não é uma descoberta recente. O Centro Americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) lembrou que a pandemia de gripe de 1918 ganhou impulso com as celebrações do armistício e o retorno dos soldados a suas casas.

Um dos riscos nas concentrações é a presença de um "supercontaminador", alguém capaz de infectar um grande número de pessoas.

Especialistas pensam especialmente no caso do "paciente 31" na Coreia do Sul.

Em 10 de fevereiro, uma mulher sul-coreana de 61 anos sentiu febre. Membro da seita "Igreja de Jesus Shincheonji", ela havia participado de pelo menos quatro cultos religiosos em Daegu (sul), antes de testar positivo para o coronavírus.

Em apenas algumas semanas, milhares de casos de coronavírus estavam relacionados a membros da seita.

"O esquema é muito comum. Um vai a uma reunião familiar ou religiosa e contrai a doença. Depois, vai para casa e a espalha", explica o professor KK Cheng, especialista em saúde pública da Universidade de Birmingham.

Segundo ele, o enorme êxodo anual de pessoas durante o Ano Novo Chinês provavelmente favoreceu a propagação internacional do vírus.

A França registrou a primeira morte devido à COVID-19 fora da Ásia em meados de fevereiro. Poucos dias depois, cerca de 2.000 cristãos evangélicos, muitos dos quais eram portadores do vírus sem saber, se reuniram em Mulhouse, leste da França.

Mais tarde, essa reunião foi relacionada a casos em toda a França e o leste do país se tornou uma das áreas mais afetadas.

Eventos esportivos também foram destaque, como a partida da Liga dos Campeões, realizada em 19 de fevereiro em Milão, no norte da Itália, entre Atalanta Bergamasca e o clube espanhol Valencia.

O prefeito de Bérgamo, Giorgio Gori, declarou que 40.000 habitantes de sua cidade haviam viajado para Milão, enquanto muitos outros se reuniam em suas casas ou em bares para assistir à partida.

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