CÂMARA DE PIRACICABA

Ex-assessora diz que dividia salário

Indicada pelo vereador Dirceu Alves da Silva, protocolou denúncia

Adriana Ferezim
adriana.ferezin@gazetadepiracicaba.com.br
27/09/2018 às 09:19.
Atualizado em 19/04/2022 às 01:59

Quinta-feira, 27 de setembro de 2018 A Câmara de Piracicaba está apurando uma denúncia contra o vereador Dirceu Alves da Silva (SD), apresentada por uma ex-assessora de Relações Públicas e Cerimonial. Em carta escrita à mão para o presidente do Legislativo, Matheus Erler (PTB), ela relatou que tinha de entregar 50% do seu salário ao vereador que a tinha indicado para o emprego na Casa de Leis. Dirceu nega que exigiu o pagamento, e afirmou que teria sido coagido pela ex-assessora. Com a carta protocolada nesta quarta-feira (26), na Casa de Leis, ela entregou uma mídia com uma gravação de uma suposta conversa entre os dois, quando eles estariam acertando a divisão do salário. Os fatos serão apurados pelo Departamento de Assuntos Jurídicos e Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. A Gazeta teve acesso à carta e à gravação e entrevistou a ex-assessora, que pediu para não ter o seu nome divulgado. Ela relatou o que escreveu ao presidente. “Eu estava desempregada e levei meu currículo algumas vezes ao gabinete do vereador Dirceu, pedindo emprego. Tenho um filho pequeno e meu último trabalho tinha sido como operadora de Telemarketing, há nove meses. O vereador me ligou e, antes de me contratar, na entrevista que fez comigo, disse que eu teria de pagar para ele 50% do que eu receberia. Meu salário, com os descontos, era R$ 3 mil. Eu fiquei com R$ 1,5 mil e a outra metade eu dei a ele”, afirmou. Na gravação que supostamente seria o diálogo entre a ex-assessora e o vereador, em um trecho da conversa, ela pergunta sobre o valor que tem de pagar, se é R$ 1,5 mil e ele responde que é o combinado. Aí, eles comentam sobre as formas de pagamento. Se ela pagaria em duas partes de R$ 750,00, uma no pagamento e outro no vale. Depois ela sugere para ficar com o vale e pagaria o valor total de R$ 1,5 mil para o vereador, na data do pagamento. Na carta, ela contou que teria gravado a conversa em uma reunião que teve com Dirceu, em uma sala na Câmara de Vereadores. À Gazeta, ela disse que começou a trabalhar no dia 20 de junho. Seu horário era das 8 horas às 17 horas e, às vezes, trabalhava à noite, nas sessões solenes. “Eu estava gostando bastante do trabalho, começando a aprender mais. No primeiro mês, não paguei nada a ele porque recebi por apenas dois dias trabalhados. No segundo mês, eu paguei os R$ 1,5 mil. No terceiro mês, não quis mais pagar e fui exonerada há uma semana. Estou com medo, mas decidi fazer a denúncia porque não acho justo o que ele fez. Tenho filho pequeno e estava fazendo meu trabalho. Desde que saí da Câmara, ninguém entrou em contato comigo, nem o vereador”, disse, nesta quarta-feira. O vereador Dirceu negou as acusações. “Eu ouvi falar de uma situação e requeri ao presidente informações. Não sei o teor da denúncia”, afirmou. Ao ser questionado se recebeu 50% do salário da ex-funcionária, ele disse que essa acusação “não tem nada a ver". "Ela nem trabalhava no meu gabinete. Nunca tive nada com essa menina. É o inverso. Ela me coagiu, disse que tem algo gravado. Não tem lógica essa denúncia. Ela trabalhava no Cerimonial, não tem nada a ver comigo, esse cargo é exclusivo do presidente. Eu respondo pelos assessores que trabalham no meu gabinete”. O advogado da ex-assessora, Homero Carvalho, que também é jornalista, disse que ingressará na Justiça com uma ação por danos morais e materiais em favor da ex-funcionária, contra a Câmara e o vereador, e que fará uma representação no Ministério Público pelo crime de assédio e improbidade administrativa, contra o vereador Dirceu. Também vai solicitar medidas protetivas para a segurança da ex-assessora. Em comunicado da Câmara, Matheus Erler informou que remeteu a documentação que recebeu do vereador Dirceu, que apontou suposta coação por parte da ex-assessora, e também a denúncia que recebeu dela, de suposta quebra de decoro parlamentar por parte de Dirceu, ao Departamento de Assuntos Jurídicos, “decretando a momentânea confidencialidade à tramitação, a fim de que a apuração transcorra permeada de todas as garantias e direito ao contraditório, e que se proceda com as orientações cabíveis à presidência e à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar”.

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