INTERNACIONAL

Ex-chefe do tráfico diz em julgamento nos EUA que subornou presidente de Honduras

O ex-chefe do cartel hondurenho Los Cachiros, Leonel Rivera, disse nesta quinta-feira (11) em um tribunal de Nova York que subornou o atual presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández; seu vice-presidente, Ricardo Alvarez, e dois ex-presidentes, Manuel Zelaya e Porfirio Lobo, em troca de proteção e de contratos para lavagem de dinheiro do tráfico de droga

AFP
11/03/2021 às 17:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:17

O ex-chefe do cartel hondurenho Los Cachiros, Leonel Rivera, disse nesta quinta-feira (11) em um tribunal de Nova York que subornou o atual presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández; seu vice-presidente, Ricardo Alvarez, e dois ex-presidentes, Manuel Zelaya e Porfirio Lobo, em troca de proteção e de contratos para lavagem de dinheiro do tráfico de droga.

Segundo Rivera, o cartel pagou 250 mil dólares a Hilda Hernández, irmã do presidente, em 2012, quando ele era deputado e candidato à presidência, para que "não nos prendessem em Honduras (...), que eu e meu irmão (Javier) não fossemos extraditados para os Estados Unidos e que Juan Orlando Hernández nos concederia contratos para lavagem de dinheiro da droga".

Promotores de Nova York consideram o presidente de Honduras um "cúmplice" de Geovanny Fuentes no tráfico de toneladas de cocaína para os EUA e garantem que ambos eram sócios.

Hernández nega as acusações e não foi indiciado pela justiça americana.

"Como acreditar nos falsos testemunhos de que fiz negócios com traficantes de drogas, quando foi comprovado que Los Cachiros buscaram um acordo com os Estados Unidos pela impossibilidade de o fazerem comigo. Eles vão morrer em uma prisão estrangeira, se a chave mágica não funcionar", tuitou o presidente na quarta-feira.

Rivera disse também que em 2014, quando Hernández já era presidente, deu 50 mil dólares a seu irmão Juan Antonio "Tony" Hernández por "contratos para a Inrimar", empresa de fachada de Los Cachiros para lavar dinheiro.

Tony Hernández foi considerado culpado de tráfico de drogas em Nova York em 2019 e sua sentença está marcada para 23 de março.

Rivera também relatou que pagou meio milhão de dólares ao vice-presidente e ex-prefeito de Tegucigalpa, Ricardo Alvarez, em 2012, " para que meu irmão Javier e eu não fossemos capturados em Honduras".

Os Cachiros também teriam subornado o ex-presidente Manuel Zelaya (2006-2009) com meio milhão de dólares em 2006, para "colocar meu primo como Ministro da Segurança", disse Rivera ao júri, uma ação que acabou não concluída.

Zelaya negou as acusações no Twitter. "Prova irrefutável de que nunca recebi suborno é que nunca indiquei ministro, nem do crime organizado, nem por pressão da embaixada americana", escreveu nesta quinta-feira.

O líder de Los Cachiros revelou ainda que o governo de Porfirio "Pepe" Lobo (2010-2014) ajudou o cartel a lavar dinheiro. "Ele nos deu vários contratos rodoviários. O governo de Pepe Lobo nos pagou com cheques do governo de Honduras e é assim que o dinheiro das drogas é lavado", disse.

O filho de "Pepe" Lobo, Fábio, foi condenado a 24 anos de prisão por tráfico de drogas em 2017 em Nova York.

Rivera confessou 78 assassinatos e colaborou com a agência antidrogas dos EUA (DEA) em Honduras por dois anos, até se entregar às autoridades em 2015.

Ele pode ser condenado à prisão perpétua, mas espera que sua pena seja reduzida em troca de seu depoimento neste julgamento e nos de Tony Hernández e Fabio Lobo.

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