INTERNACIONAL

Ex-presidente sudanês Bashir julgado por golpe de Estado enfrenta possível pena de morte

O ex-presidente sudanês Omar al Bashir comparece nesta terça-feira (21) perante a Justiça de seu país, processo no qual enfrenta uma possível pena de morte pelo golpe de Estado de 1989 contra o governo eleito democraticamente do primeiro-ministro Sadek al-Mahdi

AFP
20/07/2020 às 11:38.
Atualizado em 25/03/2022 às 19:54

O ex-presidente sudanês Omar al Bashir comparece nesta terça-feira (21) perante a Justiça de seu país, processo no qual enfrenta uma possível pena de morte pelo golpe de Estado de 1989 contra o governo eleito democraticamente do primeiro-ministro Sadek al-Mahdi.

O julgamento não tem antecedentes no mundo árabe, já que na história recente o autor de um golpe de Estado bem-sucedido nunca foi julgado.

Bashir é processado junto com outros dez militares e seis civis. Entre eles, estão seu ex-vice-presidente Ali Osman Taha e o general Bakri Hasan Saleh.

Após a decisão da promotoria, os réus serão julgados por três magistrados de um tribunal especial.

"Omar al-Bashir e Bakri Hasan Saleh se recusaram por completo a cooperar na investigação, mas estarão presentes no tribunal", disse à AFP Moaz Hadra, um dos advogados que promoveu o julgamento ao ditador deposto.

Na madrugada de 30 de junho de 1989, a rádio anunciou o golpe de Estado no Sudão. O exército fechou o aeroporto, prendeu os principais líderes políticos e desabilitou as instituições, em particular o Parlamento.

Promovido a general, o coronel Bashir permaneceu no poder por 30 anos. Foi preso após ser derrubado em 11 de abril de 2019, após um movimento de protesto popular que durou quatro meses.

Seu julgamento e o de outros 16 acusados ocorre em um momento em que o governo de transição pós-revolucionário do Sudão implementou uma série de reformas, com o objetivo de se integrar totalmente à comunidade internacional.

O Sudão também se comprometeu a entregar Bashir ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para que seja julgado por crimes de guerra e de genocídio no conflito de Darfur (2003-2004), que teve um saldo de 300.000 mortos e milhões de deslocados.

O país sofreu três golpes de Estado desde sua independência, em 1956: o do general Ibrahim Abbud (1959-1964); outro em maio de 1969, liderado pelo coronel Gaafar Mohamad Nimeiri, que se manteve no poder até 1985; e, por fim, o de Bashir.

Os acusados contarão com 150 advogados para sua defesa.

"Para nós, é um julgamento político que se esconde atrás do legal. Em um ambiente judicial hostil", disse Hashem al-Galiun, advogado da defesa.

O ex-general da polícia Salah Mattar, que era chefe de segurança interna em 1989, destacou que o processo constitui um "alívio".

"Meses antes do golpe, observei movimentos da Frente Nacional Islâmica e informei o ministro do Interior, que ignorou. Logo fui demitido junto com outros altos oficiais", explicou.

No entanto, o grande ausente no julgamento será o cérebro do golpe e mentor de Bashir, o islâmico Hassan Turabi, morto em 2016.

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