Com algemas também nos pés, ele foi colocado em uma das celas do Plantão Policial de Piracicaba (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
Já está em Piracicaba, desde ontem à noite, o corretor de imóveis Anderson Santos Andrade, que matou a ex-mulher Carolina Dini Jorge, 41, no último dia 24, na frente da escola em que a filha do ex-casal estuda, no bairro São Dimas.
Anderson foi preso ontem cedo na comunidade de Penha, no Estado do Rio de Janeiro, na frente de uma pensão onde estava hospedado desde que fugiu de Piracicaba.
A prisão foi feita pelos policiais civis do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), de São Paulo. Assim que chegaram com ele à capital, uma equipe da Dise/Deic e Delegacia de Defesa da Mulher, de Piracicaba, já aguardava para trazê-lo de volta à cidade.
Quando a viatura chegou ao Plantão Policial da rua do Vergueiro, por volta das 19h45, Anderson estava com os pés e mãos algemados. Teve o rosto coberto com a própria camisa antes de descer da viatura. Ele ainda vestia a mesma roupa com a qual foi preso pela manhã - bermuda vermelha e camisa listrada
Sem falar com os jornalistas, ele foi levado para uma cela onde ficará cumprindo a prisão temporária de 30 dias. Nesta quinta-feira, deverá ser levado para a audiência de custódia.
Quando chegou, não havia ninguém da família dele ou da vítima em frente à unidade policial. Apenas equipes de televisão, rádio e jornais impressos.
Pouco tempo depois chegou a advogada da família de Carolina - Jussara Albino Oda Moretti.
Em seguida, o irmão da vítima, que quis entrar na cela e falar com Anderson. Na saída, ele também não quis conversar com a imprensa. É que, segundo a advogada, Anderson discutiu com o irmão de Carolina e ameaçou, dizendo que “quando sair vai acabar com o resto da família”.
“O Anderson não é gente. Ele é frio, calculista, cínico e sádico. Uma pessoa que não demonstra arrependimento”, declarou. Um dia após o crime, segundo a advogada, aconteceria a audiência de divórcio do ex-casal. Ele estava proibido de ver a filha, de 10 anos, e este teria sido o motivo de sua ira.
“Em novembro do ano passado, ele foi agredir a Carolina e o filho deles, de 18 anos, ao tentar defender a mãe, levou um mata-leão do pai”, contou. O mata-leão é um golpe de estrangulamento usado nas artes marciais e realizado pelas costas da vítima.
A investigação
A delegada Olívia Fonseca, assistente da DDM de Piracicaba, e que conseguiu o mandado de prisão temporária logo após o assassinato de Carolina, disse que na noite do dia 24, Anderson passou dirigindo seu carro na marginal Pinheiros, em São Paulo, capital.
Foi descoberto, ainda, que ele abandonou o carro na capital e contratou um motorista de aplicativo para levá-lo ao Rio de Janeiro. Por meio dessa corrida é que foi localizado o endereço onde ele estava, no Rio.
De acordo com a delegada, o carro dele foi localizado na última segunda-feira (28), na zona leste de São Paulo, área do 64º Distrito Policial.
“O carro estava abandonado, trancado, e foi periciado no sentido de localizar algo que sirva como prova do crime”, destacou. Até o momento, a faca utilizada no crime não foi localizada.
A intenção de Anderson, segundo descobriu a autoridade policial, era conseguir um documento falso e arranjar emprego no Rio. Havia também, de acordo com ela, risco de ele tentar sair do Brasil, uma vez que possui Green Card (visto permanente de imigração) e tem um irmão que mora em Londres.
“Assim que recebemos essa informação, fizemos contato com a Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal de Guarulhos, Viracopos e emitimos alerta no site de uma cooperativa”, explicou.
“Depois, fomos informados que ele embarcou para o Rio Grande do Sul e fizemos a mesma coisa. Passamos também para as aduanas, que são as fronteiras. Estávamos cercando ele de todas as formas, até que surgiu a informação que estava no Rio e lá ele foi preso”, destacou a delegada.
Premeditado
A delegada disse que Carolina não costumava andar sozinha e que o carro no qual ela foi morta - com seis facadas nos órgãos vitais - era de um amigo dela que a acompanhava todos os dias quando ela ia buscar a filha.
Pelas imagens de câmeras de segurança que foram entregues à Polícia Civil de Piracicaba, dá para vê-lo escondido atrás de uma planta e assim que teve oportunidade atacou a ex-mulher.
Olívia informou que a prisão temporária serve para a investigação e conclusão do inquérito policial. “Finalizada a temporária, a gente pede a prisão preventiva, manda o inquérito para o promotor e espera ele ser processado perante a Vara do Júri.
Anderson disse à delegada que tudo ocorreu por culpa de Carolina e por ela impedilo de ver a filha de 10 anos.
Ontem à noite, policiais militares reforçaram no prédio do Plantão Policial.