INTERNACIONAL

Fim da emergência por COVID-19 divide comunidade científica na Itália

Dez conhecidos especialistas italianos sustentam que "a emergência [pela COVID-19] acabou" na Itália, porque a "carga viral" é mais fraca e, portanto, menos contagiosa

AFP
25/06/2020 às 13:47.
Atualizado em 27/03/2022 às 00:42

Dez conhecidos especialistas italianos sustentam que "a emergência [pela COVID-19] acabou" na Itália, porque a "carga viral" é mais fraca e, portanto, menos contagiosa.

A avaliação está dividindo a comunidade científica no país.

Entre os especialistas que assinaram o documento, publicado pelo jornal "Il Giornale", estão o presidente da Sociedade Italiana de Virologia, Arnaldo Caruso; o diretor de doenças infecciosas da Policlínica San Martino (Gênova), Matteo Bassetti; o diretor do Instituto Mario Negri de Pesquisa Farmacológica, Giuseppe Remuzzi; e o diretor de Microbiologia e Virologia do Hospital San Raffaele (Milão), Massimo Clementi.

Segundo esses cientistas, "o recurso à hospitalização por sintomas causados por infecção viral é um fenômeno já raro. As evidências de vírus (...) têm mostrado um aumento constante nos casos com carga viral baixa, ou muito baixa".

Para os signatários, quatro meses após os primeiros surtos de uma epidemia que causou 34.000 mortes, os infectados correm "um baixo risco de agravamento", e o vírus perdeu força.

A posição desses especialistas foi duramente criticada por outros cientistas, incluindo o presidente do Conselho Superior de Saúde, Franco Locatelli, membro do comitê técnico que assessora o governo, e Massimo Galli, diretor do Departamento de Doenças Infecciosas do Hospital Sacco, em Milão, que pedem prudência.

Para o professor Galli, entrevistado pela televisão pública, essa é uma "posição insana e irresponsável".

O cientista convidou a observar o que está acontecendo no restante do mundo, principalmente no Brasil, onde o vírus continua avançando, assim como na Alemanha e em Portugal, que tiveram de fechar algumas áreas após registrarem novos surtos.

Além disso, as autoridades identificaram, nesta quinta-feira (25) dois novos surtos de COVID-19 em Bolonha (centro) e perto de Caserta (sul), o que forçou o fechamento de um depósito e o isolamento de um bairro com 700 pessoas.

O documento dos cientistas foi rejeitado como "uma iniciativa inoportuna, que envia uma mensagem incoerente e contrária aos pedidos de prudência", disse Andrea Crisanti, o virologista que conseguiu impedir a propagação da COVID-19 na região de Vêneto, ao norte.

"Somente na terça-feira houve 150.000 novos casos no mundo. O vírus é real. As pessoas precisam saber disso", alertou ele em entrevista ao jornal "Il Corriere della Sera".

Crisanti acredita que o sucesso em Vêneto foi obtido, graças à decisão de se procurar pessoas assintomáticas para evitar que infectassem terceiros descontroladamente.

Enquanto isso, a Itália continua a registrar menos infecções e mortes.

Na segunda-feira, foram 23 óbitos; na terça, 18; e na quarta, 30, dados relativamente baixos desde que a emergência de saúde começou, no final de fevereiro.

O número acumulado de falecimentos pelo vírus chegou a 34.644, com um total de 239.410 infectados, de acordo com o último boletim da Proteção Civil.

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