A economia europeia enfrenta sérios riscos no "curto prazo" devido às mutações da covid-19 e aos atrasos nas campanhas de vacinação, estimou nesta quarta-feira (14) o FMI, que recomenda a continuação do esforço orçamentário em 2021 e 2022
A economia europeia enfrenta sérios riscos no "curto prazo" devido às mutações da covid-19 e aos atrasos nas campanhas de vacinação, estimou nesta quarta-feira (14) o FMI, que recomenda a continuação do esforço orçamentário em 2021 e 2022.
"Refletindo as ondas de infecção e o ritmo das vacinações, a recuperação econômica na Europa ainda é hesitante e desigual", resumiu Alfred Kammer, diretor do departamento para a Europa do Fundo Monetário Internacional, durante uma coletiva de imprensa, após a publicação do relatório regional.
O FMI espera um crescimento de 4,5% este ano na Europa, 0,2 ponto percentual abaixo da projeção anterior de outubro.
Mas o crescimento do PIB europeu não retornará ao nível pré-pandêmico antes de 2022 e desde que as vacinas "estejam amplamente disponíveis no verão de 2021 e ao longo de 2022", frisou Kammer, observando a grande incerteza em torno dessas previsões.
Acelerar a produção e distribuição de vacinas "é o desafio mais crítico nesta fase" e "os legisladores devem continuar a fornecer ajuda emergencial para apoiar famílias e empresas", disse a instituição de Washington.
"Este não é, porém, um apelo para aumentar os gastos de forma permanente (...) mas um impulso bem direcionado e temporário", comentou Alfred Kammer.
O FMI insiste que se trata de impulsionar a recuperação através de investimentos "verdes" que permitam um crescimento sustentável que respeite o meio ambiente.
"Quando se trata de reestruturação da economia, não sabemos quanto tempo vai demorar", admitiu Alfred Kammer. "O que sabemos é que o apoio orçamentário deve continuar em 2021 e 2022".
Quanto ao plano de recuperação da União Europeia, considerou que é "suficiente nesta fase", desde que seja efetivamente implementado.
Por enquanto, nem todos os países da UE ratificaram o fundo de recuperação europeu de 750 bilhões de euros, financiado por uma dívida comum sem precedentes e laboriosamente negociado no verão passado. A justiça alemã ameaça bloquear este instrumento por causa de dúvidas sobre sua legalidade.
O FMI calculou que um apoio adicional, representando 3% do PIB entre 2021 e 2022, poderia aumentar o PIB em cerca de 2% até o final de 2022. No médio prazo, os efeitos da crise seriam reduzidos "em mais da metade", explicou.
Ou seja, quanto mais rápida a recuperação, menos duradouros serão os efeitos da crise.
O Fundo está particularmente preocupado com a possibilidade de que as pessoas que perderam seus empregos durante a pandemia não encontrem novos no futuro.
"Isso é possível na medida em que as lacunas observadas na educação e formação dos trabalhadores nunca serão preenchidas, porque os investimentos adiados permanecem em suspenso ou porque os recursos permanecem alocados para setores em retração", explicou Alfred Kammer.
O diretor do FMI também frisou que é difícil saber em que medida o consumo sustentará o crescimento quando países como a França tiveram que tomar novas medidas restritivas para evitar que a população gastasse seu dinheiro comendo fora ou viajando.
"Os governos devem, portanto, estar prontos para fornecer ajuda direcionada quando e se necessário", concluiu.