As forças de segurança birmanesas iniciaram nesta quarta-feira uma operação em Yangon contra os trabalhadores do sistema ferroviário em greve e que participam no movimento de desobediência civil contra a junta militar, o que provoca o temor de mais detenções
As forças de segurança birmanesas iniciaram nesta quarta-feira uma operação em Yangon contra os trabalhadores do sistema ferroviário em greve e que participam no movimento de desobediência civil contra a junta militar, o que provoca o temor de mais detenções.
Centenas de policiais e veículos militares foram mobilizados ao redor da área de moradia dos funcionários da estação Ma Hlwa Gone, na zona leste da capital econômica do país.
"Bloqueiam as portas (dos apartamentos) e as destroem para entrar", contou à AFP uma familiar de um funcionário, que pediu anonimato por temer represálias
"Consegui escapar, mas estou preocupada com os trabalhadores e suas famílias", completou.
Ela disse que quase 800 funcionários do sistema ferroviário participam no movimento de desobediência civil nesta estação.
Médicos, professores, funcionários de empresas de energia elétrica e das ferrovias pararam de trabalhar desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.
Este movimento perturba a frágil economia birmanesa, com prédios públicos vazios, escolas, hospitais e bancos fechados.
Os principais sindicatos convocaram a "paralisação total da economia" para tentar interromper as atividades no país e aumentar a pressão sobre os militares.
A junta ordenou que o retorno dos funcionários ao trabalho em 8 de março e ameaçou os grevistas de demissão e represálias.
Desde o golpe de Estado, o país é cenário de protestos diários.
Nesta quarta-feira, em Myingyan (centro) três manifestantes pró-democracia ficaram feridos, um deles em estado grave.
Mas a forte presença militar, principalmente no bairro de Sanchaung em Yangon - onde as forças de segurança cercaram centenas de manifestantes no domingo -, provocou a redução no número de ativistas.
Durante a noite de terça-feira, sete manifestantes foram detidos neste bairro, segundo a imprensa estatal.
Em outra parte da cidade, as forças de segurança incendiaram barricadas improvisadas e ameaçaram incendiar os apartamentos de alguns moradores, afirmou um residente de 26 anos à AFP.
A junta parece mais determinada do que nunca a impor o regime, com operações em edifícios residenciais, hospitais, universidades, detenções em larga escala e o uso de munição letal.