INTERNACIONAL

Frente às ameaças dos EUA, OMS aceita investigação sobre suas ações na pandemia

Diante das acusações e ameaças de boicote dos Estados Unidos, os países membros da Organização Mundial da Saúde concordaram nesta terça-feira(19) em iniciar uma "avaliação independente" da resposta da instituição à pandemia, que já matou mais de 318

AFP
19/05/2020 às 15:37.
Atualizado em 29/03/2022 às 23:15

Diante das acusações e ameaças de boicote dos Estados Unidos, os países membros da Organização Mundial da Saúde concordaram nesta terça-feira(19) em iniciar uma "avaliação independente" da resposta da instituição à pandemia, que já matou mais de 318.000 pessoas e avança exponencialmente no Brasil.

Os 194 Estados-membros da OMS, entre eles Estados Unidos e China, adotaram durante sua assembleia uma resolução que planeja iniciar "o mais rápido possível um processo de avaliação imparcial, independente e completo" da ação internacional coordenada pela OMS diante da pandemia do novo coronavírus.

Este acordo é uma resposta às acusações do presidente Donald Trump, que acusa a instituição de ser um "fantoche da China", onde foi detectado o primeiro caso do novo coronavírus em dezembro. Trump ameaçou congelar indefinidamente o financiamento para essa agência da ONU e até retirar seu país, se não houver "melhorias substanciais" em 30 dias.

Em resposta, o governo chinês acusou Trump, nesta terça-feira, de usar a China para "fugir de suas obrigações" com a OMS.

"É um erro de cálculo, e os Estados Unidos escolheram o alvo errado", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian.

A Rússia, com quase 300.000 casos mas em aparente estabilização, acusou os Estados Unidos de querer "arruinar" a agência da ONU.

"Nós nos opomos à falência (da OMS) que obedeceria aos interesses políticos e geopolíticos de um único Estado, ou seja, dos Estados Unidos", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Riabkov.

Já a União Europeia (UE) expressou nesta terça seu apoio à OMS. "É hora da solidariedade, não de apontar o dedo, ou prejudicar a cooperação multilateral", disse a porta-voz da diplomacia europeia, Virginie Battu.

Trump considera que a OMS ignorou informes sobre o aparecimento do vírus e censura a organização por ser muito indulgente com as autoridades chinesas a respeito da gestão da pandemia. Nos Estados Unidos, já são mais de 90.000 mortos e 1,5 milhão de infectados.

Apesar da tensão entre a OMS e Washington, surgiram sinais de otimismo com os resultados encorajadores no desenvolvimento de uma cura, ou de uma vacina, em cuja produção mais de 100 laboratórios no mundo estão envolvidos.

Na China, um medicamento em fase de testes na prestigiada Universidade de Pequim ("Beida") permitiria não apenas acelerar a cura dos doentes, mas também imunizar temporariamente para a COVID-19, segundo o pesquisador Sunney Xie em entrevista à AFP.

Nos Estados Unidos, a empresa de biotecnologia Moderna, uma das mais avançadas na corrida pela vacina, anunciou resultados preliminares encorajadores em testes em oito voluntários, antes de realizar testes em larga escala em julho.

Mas enquanto esse momento não chega, Trump surpreendeu o mundo ao anunciar que está tomando hidroxicloroquina - alvo da controvérsia entre cientistas - "há uma semana e meia", com a aprovação do médico da Casa Branca, apesar de não apresentar sintomas da doença.

Na América Latina e no Caribe, a COVID-19 já deixou 30.600 mortes (de 548.000 infectados).

Mais da metade foi no Brasil, país com mais de 16.000 vítimas fatais, embora os especialistas considerem que as estatísticas ocultam uma realidade muito mais trágica.

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