POLÍTICA

Frente de investigação sobre vazamento de dados incluirá inquérito das fake news

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a frente de investigação aberta para apurar a venda online de dados pessoais de autoridades, obtidos no megavazamento de 223 milhões de CPFs, corra associada ao inquérito das fake news, já em andamento na Corte sob sua relatoria

Estadão Conteúdo
03/02/2021 às 20:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:00

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a frente de investigação aberta para apurar a venda online de dados pessoais de autoridades, obtidos no megavazamento de 223 milhões de CPFs, corra associada ao inquérito das fake news, já em andamento na Corte sob sua relatoria. A comercialização das informações foi revelada pelo Estadão.

A ordem veio depois que o presidente do tribunal, Luiz Fux, pediu providências ao ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e comunicou o colega sobre a notificação enviada na segunda-feira, 1º.

Em despacho nesta quarta-feira, 3, Alexandre de Moraes observou que a comercialização das informações e dados privados atinge diretamente a intimidade, privacidade e segurança pessoal dos ministros do STF. Isso porque os onze integrantes do tribunal foram afetados pelo vazamento.

"Há, portanto, a necessidade de fazer cessar lesão ou ameaça de lesão a direito, visando interromper o incentivo à quebra da normalidade institucional, concretizado por meio da divulgação e comercialização de dados privados e sigilosos de autoridades", escreveu.

No mesmo documento, o ministro pede que sites de busca retirem imediatamente de seus sistemas os endereços usados para vender o material.

Mais cedo, o Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou ao Estadão que a Polícia Federal já começou a apurar a venda dos dados de autoridades.

Foram parar na internet informações como nome, endereço, renda, imposto de renda, fotos, participantes do Bolsa Família, scores de crédito e outros dados compilados em agosto de 2019. Além dos onze ministros do STF, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e os ex-presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também foram atingidos.

Como mostra a reportagem de Bruno Romani, o hacker está oferecendo informações em 37 categorias, vendidas em pacotes a partir de US$ 500. Entre os ministros do Supremo, Ricardo Lewandowski é o mais afetado, com dados em 26 delas. Todos os outros também têm informações em mais de 20 categorias: Fux (23) Dias Toffoli (25), Luiz Roberto Barroso (25), Alexandre de Moraes (24), Gilmar Mendes (24), Rosa Weber (23), Kassio Nunes Marques (23), Edson Fachin (22), Cármen Lúcia (21) e Marco Aurélio Mello (21).

Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, por exemplo, têm dados de PIS, renda e salário. Já Rosa Weber tem à venda dados referentes ao imposto de renda de 2017.

Até aqui, a origem do vazamento é desconhecida. Há indícios de que as informações pertençam à base de dados do Serasa.

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