INTERNACIONAL

Fúria contra o racismo ressurge nos EUA com manifestações e boicotes no esporte

O caso de Jacob Blake, um cidadão negro alvejado por sete tiros à queima-roupa por um policial branco, reacendeu a fúria contra o racismo nos Estados Unidos, com novos protestos na noite de quarta-feira (26) e um boicote dos jogadores da NBA

AFP
27/08/2020 às 15:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 12:10

O caso de Jacob Blake, um cidadão negro alvejado por sete tiros à queima-roupa por um policial branco, reacendeu a fúria contra o racismo nos Estados Unidos, com novos protestos na noite de quarta-feira (26) e um boicote dos jogadores da NBA.

Uma calmaria precária reinou na manhã desta quinta-feira (27) em Kenosha, Wisconsin, norte do país, onde são esperados reforços federais de policiais e soldados da Guarda Nacional, depois que confrontos entre manifestantes e grupos de autodefesa deixaram dois mortos e um gravemente ferido na noite de terça-feira.

Um adolescente de 17 anos, que publicava várias mensagens de apoio à polícia nas redes sociais e exibia sua adoração às armas, foi preso na quarta-feira e acusado pelos assassinatos. Ele é suspeito de abrir fogo contra manifestantes com um rifle de assalto.

A cidade de Kenosha tem sido palco de manifestações com confrontos desde domingo, quando um policial branco disparou sete vezes nas costas de um homem negro de 29 anos, Jacob Blake, diante dos olhos de seus três filhos. Segundo seu advogado, Blake sobreviveu mas corre o risco de ficar paralítico.

Na quarta-feira à noite, centenas de pessoas voltaram a desafiar o toque de recolher imposto pelas autoridades para prestar homenagem às duas vítimas de terça-feira, mas contiveram sua raiva.

"Todo mundo está esperando que saíamos furiosos, que enlouqueceremos pela quarta noite, mas estamos fazendo um protesto pacífico como supõe-se que devemos fazer", disse à AFP Big Homie Trail, um músico que participou do protesto.

A noite foi mais caótica em Oakland, Califórnia, onde um tribunal foi atacado; e em Minneapolis, Minnesota, onde cerca de 20 comércios foram saqueados e vandalizados em meio a um rumor infundado de um novo ato de violência policial.

Essa cidade está à flor da pele desde 25 de maio, quando George Floyd, um afroamericano de 46 anos, morreu asfixiado por um policial branco durante sua prisão. Essa morte violenta desencadeou uma onda de protestos a favor dos direitos civis sem precedentes em décadas.

O movimento havia diminuído nas últimas semanas, mas o caso de Jacob Blake reabriu as feridas.

O Departamento de Justiça anunciou, na quarta-feira à noite, que vai abrir uma investigação por possível violação dos direitos civis contra o agente Rusten Sheskey, que atirou em Blake.

Até o momento, Sheskey está demitido mas não foi preso, muito menos acusado.

As imagens dos disparos contra Blake provocaram uma mobilização inédita no mundo do esporte, iniciada pela equipe de basquete Milwaukee Bucks. Seus jogadores boicotearam uma partida e obrigaram a NBA a adiar vários outros jogos na quarta-feira.

A iniciativa se espalhou pelo campeonato.

"Exigimos uma mudança. Estamos fartos disso", escreveu no Twitter a estrela dos Los Angeles Lakers, LeBron James, pouco depois da decisão dos Bucks.

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