INTERNACIONAL

Futebol discute teto salarial para jogadores

Definir um teto salarial para os jogadores de futebol, em valores qu não sejam "de outro planeta"? Essa medida regulatória, aplicada por muitas outras ligas esportivas dos Estados Unidos, pode seduzir o futebol europeu, depois que a crise gerada pela pandemia da COVID-19 deixou os clubes em uma situação financeira difícil, embora seus adversários ainda sejam a maioria

AFP
14/07/2020 às 10:15.
Atualizado em 25/03/2022 às 23:13

Definir um teto salarial para os jogadores de futebol, em valores qu não sejam "de outro planeta"? Essa medida regulatória, aplicada por muitas outras ligas esportivas dos Estados Unidos, pode seduzir o futebol europeu, depois que a crise gerada pela pandemia da COVID-19 deixou os clubes em uma situação financeira difícil, embora seus adversários ainda sejam a maioria.

Privados de renda durante a paralisação das competições, os clubes mantiveram um salário muito alto, mostrando a fragilidade de um sistema exposto a choques externos.

"Alguns setores tem vários meses de vantagem em tesouraria e / ou fundos próprios que lhes permitem enfrentar temporariamente uma crise como a que estamos enfrentando", mas não o futebol, resume Christophe Lepetit, economista do Centro de Direito e Economia do Esporte (CDES), na França.

Diante desta constatação, o mundo da bola é dividido em duas categorias: aqueles que defendem uma melhor regulamentação e os que se adaptam à lei do mercado.

Fritz Keller, presidente da Federação Alemã (DFB), está entre os primeiros. "Temos de falar em limites salariais", afirmou em meados de maio, pedindo à Uefa que limite os salários "numa categoria digna deste planeta".

Na França, um executivo de um órgão de fiscalização das finanças dos clubes pediu "a construção de um futebol mais forte e economicamente mais saudável".

"Isso significa iniciar uma reflexão sobre o teto da massa salarial e / ou o número de jogadores com contrato", descreveu Jean-Marc Mickeler, presidente da Direção Nacional de Controle Gerencial (DNCG), uma comissão independente encarregada de monitorar a contabilidae dos clubes de futebol profissional na França.

Nos Estados Unidos, várias ligas esportivas, como basquete, hóquei no gelo ou beisebol, estabeleceram um "salary cap" (teto salarial) que pode ser "suave" (com possibilidade de superá-lo para alguns jogadores) ou "duro".

"Estamos analisando se um "luxury tax" é possível", afirmou cautelosamente o presidente da Uefa, Alexander Ceferin, em uma entrevista ao The Guardian em maio.

A União Europeia de Futebol "está atualmente estudando várias opções", incluindo esse "imposto" e "consultará diferentes partes nos próximos meses", revelou um porta-voz da confederação à AFP.

"A Uefa está no meio de um fogo cruzado", entre apoiadores e oponentes da regulamentação, e esse "jogo de equilíbrio" está sendo analisado, informa Christophe Lepetit.

Para o economista, a entidade que rege o futebol europeu sediada em Nyon pode temer que "ocorra uma divisão e que cinco, dez ou vinte grandes clubes decidam criar sua própria competição, vinculada a um fundo de investimento que não demoraria a chegar".

Para estabelecer um "teto salarial", a Uefa poderia adaptá-lo à legislação da União Europeia e aplicável no Reino Unido, onde estão localizados vários dos clubes mais ricos da Europa. E convencer os céticos.

Na Espanha, o presidente da LaLiga (entidade que organiza o campeonato espanhol), Javier Tebas, não é favorável.

"Estabelecer um limite salarial como na NBA ou na NFL não é algo que possa ser feito, nem a AFE está pensando em negociar contra seus próprios trabalhadores", afirmou recentemente.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por