INTERNACIONAL

Grandes expectativas para o primeiro debate entre Trump e Biden

Diante de dezenas de milhões de telespectadores americanos, o debate entre Donald Trump e Joe Biden na terça-feira (29) se anuncia como um grande evento, embora seu impacto nas eleições de novembro possa ser limitado em um país tão polarizado que poucos estão indecisos

AFP
28/09/2020 às 09:03.
Atualizado em 24/03/2022 às 11:36

Diante de dezenas de milhões de telespectadores americanos, o debate entre Donald Trump e Joe Biden na terça-feira (29) se anuncia como um grande evento, embora seu impacto nas eleições de novembro possa ser limitado em um país tão polarizado que poucos estão indecisos.

O primeiro duelo entre Donald Trump e Hillary Clinton em setembro de 2016 registrou um público recorde de 84 milhões de pessoas.

Os números esperados para terça-feira são semelhantes e serão mais do que o triplo da audiência dos discursos do presidente e do seu rival nas convenções republicana e democrata. Apenas o "Super Bowl" tem um público maior, com cerca de 100 milhões de telespectadores.

"É um momento único (...) em que veremos os dois candidatos juntos e os dois principais partidos debatendo ostensivamente, fora do Congresso", ressalta John Koch, professor especialista em debates na Universidade de Vanderbilt.

Mas é improvável que o duelo mude o voto dos telespectadores e internautas americanos, bombardeados durante semanas pela publicidade eleitoral para a votação de 3 de novembro, ressaltam os analistas.

Todos recordam como a ex-secretária de Estado foi considerada vencedora nos três debates de 2016, para logo depois perder a eleição.

Essa desconexão entre o desempenho nos debates e o resultado da eleição não é nova: o democrata John Kerry também foi considerado o vencedor dos debates contra o presidente George W. Bush em 2004, em vão.

A última vez que um debate influenciou as pesquisas foi em 1984, quando Ronald Reagan, então o presidente americano mais velho da história com 73 anos, balbuciou na frente de Walter Mondale, lembra Bob Erickson, da Universidade de Columbia.

Mas Reagan se recuperou no debate seguinte, onde destacou a "juventude e inexperiência" de seu rival, e venceu a eleição.

Desde o primeiro duelo na televisão americana em 1960, entre Richard Nixon e John F. Kennedy, os debates se tornaram muito menos informativos, segundo Michael Socolow, historiador da mídia da Universidade do Maine.

Em 1976, o democrata Jimmy Carter ainda foi capaz de "apresentar novas ideias" durante o debate com o presidente Gerald Ford, recorda. Mas hoje "os espectadores sabem o que (os candidatos) vão dizer antes mesmo do início do debate", e o exercício é essencialmente "um espetáculo que permite verificar se conhecem bem o seu texto".

Especialmente quando o clima político está tão polarizado que os indecisos - que poderiam se inclinar para um lado ou outro em um debate - "se tornaram raros", enfatiza Koch.

Embora não provoquem grandes mudanças, os debates vão permitir a quem tem dúvidas confirmar a sua escolha: em 2016, 10% dos eleitores disseram que tomaram a decisão final "durante ou logo após um debate", segundo o Instituto Pew.

Nesse contexto, o estilo e a simpatia de cada candidato contam muito mais do que suas palavras.

E nessa área o espectador pode estudar com curiosidade Joe Biden, que muitos não conhecem bem.

"As pessoas irão observá-lo para ver se ele é simpático, se ele as faz sentir confortáveis", diz David Barker, da American University.

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