Além de comandar uma organização que cobrava propinas para expedir sentenças, o juiz Leonardo Safi de Melo, da 21ª Vara Cível Federal, impunha retaliações àqueles que eram procurados pelo grupo, mas se recusavam a fazer os pagamentos
Além de comandar uma organização que cobrava propinas para expedir sentenças, o juiz Leonardo Safi de Melo, da 21ª Vara Cível Federal, impunha retaliações àqueles que eram procurados pelo grupo, mas se recusavam a fazer os pagamentos. O magistrado, que chegou a ser preso na Operação Westminster e agora está em liberdade monitorada, foi denunciado pelo Ministério Público Federal nesta segunda, 3.
Segundo a Procuradoria, o juiz escolhia processos milionários, usava intermediários para se aproximar de uma das partes da ação e pedia uma 'comissão' para expedir precatórios.
No documento de 179 páginas, o Ministério Público Federal traz detalhes do suposto esquema, relevado à Polícia Federal por dois advogados que alegam ter sido coagidos pela organização criminosa. Orientados pelos investigadores, eles chegaram a participar de ações controladas, incluindo encontros gravados, como estratégia para colher provas e expor o modus operandi do grupo.
Em determinado momento das negociações, sobre um processo de desapropriação de imóveis rurais pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que se arrasta há décadas, o juiz e o diretor da Vara, Divannir Ribeiro Barile, apontado com seu braço direito no esquema, percebem que os advogados não vão pagar a propina cobrada. Em uma conversa por telefone, interceptada pelos investigadores, os dois discutem estratégias para uma ofensiva jurídica que prejudique o processo.
Além do juiz e do diretor, o Ministério Público Federal denunciou o perito Tadeu Rodrigues Jordan que, segundo os investigadores, era escalado para analisar processos e tinha parte da remuneração desviada, e as advogadas Deise Mendroni de Menezes e Clarice Mendroni Cavalieri, que ajudariam a lavar o dinheiro através da simulação de contratos de prestação de serviços. Se o caso for aceito pela Justiça, o magistrado responderá por corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Os promotores apontaram ainda pelos menos outros 18 casos em que foram encontrados indícios da atuação do grupo criminoso. Por isso, o Ministério Público Federal pediu à Justiça que autorizasse abertura de inquéritos para apurar cada um deles.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO JUIZ LEONARDO SAFI DE MELLO
O advogado Leonardo Massud, que defende o juiz Leonardo Safi de Melo, informou que vai se manifestar sobre a denúncia quando seu cliente for notificado oficialmente.
COM A PALAVRA, OS CRIMINALISTAS RUBENS DE OLIVEIRA E RODRIGO CARNEIRO MAIA, DEFENSORES DE DEISE MENDRONI DE OLIVEIRA
"Trata se de denúncia recente, o qual esta defesa técnica ainda não teve conhecimento, bem como ainda não foi alvo de recepção pelo E. TRF-3"
COM A PALAVRA, OS DEMAIS DENUNCIADOS
Até a publicação desta matéria, a reportagem ainda buscava contato com os demais denunciados. O espaço está aberto a manifestações.