INTERNACIONAL

Guatemala bloqueia sonhos de caravana migrante de Honduras para os EUA

Milhares de hondurenhos que marchavam em caravana para os Estados Unidos começaram a retornar para seu país na segunda-feira (18), depois de serem contidos e reprimidos pela polícia na Guatemala, país que adiou, por ora, seus sonhos de terem melhores condições de vida

AFP
19/01/2021 às 12:44.
Atualizado em 23/03/2022 às 21:00

Milhares de hondurenhos que marchavam em caravana para os Estados Unidos começaram a retornar para seu país na segunda-feira (18), depois de serem contidos e reprimidos pela polícia na Guatemala, país que adiou, por ora, seus sonhos de terem melhores condições de vida.

Um contingente policial e militar avançou sobre a multidão, que se deslocava a pé, fazendo com que muitos migrantes retrocedessem, e outros corressem, dispersando-se pelo território guatemalteco.

"Não estávamos roubando, somos boas pessoas. Só queremos passar", disse Angie, uma migrante de Honduras, 21 anos, à beira das lágrimas. Assim como milhares de compatriotas, ela busca nos Estados Unidos melhores oportunidades econômicas.

Nesse momento, cerca de 4.000 pessoas permaneciam no grupo, das 9.000 que teriam ingressado com a caravana.

Angie estava conformada em retornar à fronteira com Honduras para tentar documentar sua entrada e apresentar um teste negativo para covid-19, requisitos que as autoridades guatemaltecas exigem para entrar no território. "Quero continuar para os Estados Unidos, não quero ficar na Guatemala", frisou.

Durante a fuga, vários migrantes tentaram atirar pedras nos policiais, que responderam disparando gás lacrimogêneo para continuar a afastá-los em direção à fronteira com Honduras, localizada a uns 50 quilômetros de distância.

Outras 800 foram contidas em uma cidade vizinha, e os que se dispersaram estão sendo identificados e devolvidos.

Após o tumulto, que deixou migrantes e oficiais feridos, a caravana se dissipou na fronteira e vários optaram pelo "retorno voluntário", informou Alejandra Mena, porta-voz da Migração da Guatemala.

"As pessoas que integravam a caravana estão sendo devolvidas de maneira ordenada (...) A maioria está retornando voluntariamente por El Florido", posto fronteiriço por onde entraram na sexta-feira passada, após romperem o cerco policial.

As forças de segurança agiram após esgotarem o diálogo com os migrantes, aos quais foi pedido que abrissem passagem para permitir o avanço do transporte de cargas, cujas mercadorias corriam o risco de estragar. Ao contrário, um grupo apreendeu momentaneamente três caminhões e tentou abrir caminho lentamente, constatou uma equipe da AFP, o que desencadeou a ação da polícia.

O clima já era pesado desde domingo, quando os caminhantes tentaram avançar e foram reprimidos com gases e espancados pelos militares.

"Se tivéssemos dinheiro não estaríamos indo para o norte (EUA). Eles nos tratam como cachorros, não tem que ser assim", disse outra mulher, que levava consigo duas meninas, segurando uma em cada mão.

Os uniformizados agiram ante o risco de contágio da covid-19, conforme decreto do presidente Alejandro Giammattei, que autoriza o uso da força, recurso rejeitado por organizações de direitos humanos.

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