INTERNACIONAL

Guatemala diz adeus aos seus migrantes assassinados no México

Um estádio com 1.500 pessoas os aguardava em sua cidade natal, Comitancillo, Guatemala, para dizer adeus

AFP
13/03/2021 às 12:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:11

Um estádio com 1.500 pessoas os aguardava em sua cidade natal, Comitancillo, Guatemala, para dizer adeus. Os corpos dos 16 imigrantes assassinados no México em janeiro receberam na sexta-feira a homenagem de seus familiares, amigos e vizinhos.

Os corpos chegaram horas antes em um aeroporto militar da capital, repatriados do México. A bandeira azul e branca da Guatemala foi estendida sobre os caixões.

Depois de uma cerimônia oficial, foram levados em caravana para suas respectivas comunidades, localizadas cerca de 330 km ao oeste da Cidade da Guatemala.

No gramado do estádio de Comitancillo - comunidade distante do departamento de San Marcos, fronteiriço com o México -, os familiares das vítimas rodeavam os caixões.

Lá também descansava o corpo de Marvin "El Zurdo" Tomás, jogador da terceira divisão do Juventud Comiteca, que decidiu sair para tentar a sorte junto com seus vizinhos em uma rota de morte rumo aos Estados Unidos.

Os corpos de 19 pessoas foram encontrados carbonizados em 22 de janeiro em Camargo, estado de Tamaulipas, fronteiriço com os Estados Unidos e afetado há anos pelo crime organizado.

Das vítimas, 16 eram guatemaltecas e as outras três de origem mexicana.

Os corpos foram encontrados em uma estrada rural no interior de uma caminhonete que recebeu 113 tiros e depois foi incendiada, segundo investigações das autoridades. Doze policiais mexicanos foram presos pela responsabilidade no ocorrido.

"Infelizmente estamos falidos, mas Comitancillo não vai desistir", disse Eduardo Pérez, de 40 anos, parente do migrante falecido Adán Coronado. Ele relata as dificuldades que se vive em sua cidade, dedicada à agricultura.

"Tem trabalho, mas não pagam" bem os trabalhadores agrícolas, comenta. Ele explica que o salário é de 35 quetzais diários (aproximadamente 4 dólares).

"Sem trabalho e na pobreza, muita gente se arrisca para ir aos Estados Unidos", acrescenta este indígena maya mam, da aldeia Agua Tibia.

A migração da América Central aumentou desde 2018, principalmente com ondas de cidadãos que partem de Honduras, fugindo da pobreza e da violência que ameaçam suas regiões. Seu objetivo é entrar nos Estados Unidos.

Na Guatemala, a pobreza atinge mais da metade de seus 17 milhões de habitantes. Em seus depoimentos, os familiares das vítimas contaram que seu povo resolveu ir para os Estados Unidos em busca de emprego para depois enviar dinheiro de volta.

As remessas na Guatemala alcançaram um recorde de 11,3 bilhões em 2020 apesar da pandemia, uma quantidade semelhante à recebida pelo país por exportações, equivalente a 15% de seu PIB.

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