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Guerra na Síria completa dez anos sem paz à vista

Após uma década de uma violência inimaginável que provocou uma tragédia humanitária de proporções colossais, que transformaram a guerra na Síria em um dos conflitos mais terríveis do começo deste século, os combates diminuíram de intensidade, mas as feridas continuam abertas e não se vislumbra a paz

AFP
08/03/2021 às 07:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:31

Após uma década de uma violência inimaginável que provocou uma tragédia humanitária de proporções colossais, que transformaram a guerra na Síria em um dos conflitos mais terríveis do começo deste século, os combates diminuíram de intensidade, mas as feridas continuam abertas e não se vislumbra a paz.

No entanto, em 2011, o regime de Bashar al Assad parecia desmoronar, arrastado pela onda da Primavera Árabe, que acabou com ditaduras no poder há décadas.

Dez anos depois e após uma vitória de Pirro, Assad, de 55 anos, continua no poder, mas à frente de um país em ruínas, exercendo uma soberania limitada em um território fragmentado por potências estrangeiras, sem qualquer perspectiva de reconstrução ou reconciliação.

Iniciada em 2010 na Tunísia, a Primavera Árabe se espalhou para o Egito e a Líbia antes de chegar, em março de 2011, à Síria, onde o regime parecia mais enraizado do que em outras partes do mundo árabe e as manifestações estavam proibidas havia meio século.

Assim, as primeiras reuniões sírias, limitadas, tinham a finalidade de apoiar os levantes em outros lugares.

"Pedíamos a liberdade e a democracia em Tunísia, Egito e Líbia, mas nossos slogans eram (de fato) para a Síria", conta o militante Mazen Darwiche, de 47 anos, em entrevista por telefone à AFP de seu exílio, em Paris.

"Estávamos cegos pela ideia de acender esse pavio que faria chegar a nossa vez. Quem seria o Buazizi sírio?", lembrou, em alusão ao jovem vendedor ambulante que ateou fogo ao próprio corpo e desatou a revolta tunisiana.

Na Síria, foi um grupo de jovens em Daraa (sul) que acenderam o pavio, com uma mensagem pintada no muro de uma escola: "A sua vez chegou, doutor".

Uma alusão a Assad, oftalmologista de formação, a quem desejavam um destino similar ao do ditador tunisiano Abidin Ben Ali, forçado a se exilar, ou ao do líbio Muammar Kadhafi, linchado pelos rebeldes.

Jovens sírios foram detidos e torturados violentamente, provocando indignação e incentivando protestos maciços.

Em 15 de março de 2011, a mobilização se espalhou por todo o país com manifestações simultâneas.

"O grande muro do medo fissurou, o silêncio explodiu em pedaços. Desde os primeiros momentos, o confronto foi existencial, para todas as partes", escreveu a jornalista e escritora Rania Abouzeid no livro "No turning back" (Sem Volta, em tradução livre).

Mas, a que preço?

Em uma década, cerca de 400.000 pessoas morreram, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), sediado no Reino Unido e que realiza um incansável trabalho de documentação. A maioria das 117.000 vítimas civis morreu nas mãos do regime.

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