Na Austrália, espiona-se mais hoje do que durante a Guerra Fria - afirmou o diretor da Contrainteligência australiana, Michael Burgess, em um discurso ao Parlamento nesta terça-feira (20)
Na Austrália, espiona-se mais hoje do que durante a Guerra Fria - afirmou o diretor da Contrainteligência australiana, Michael Burgess, em um discurso ao Parlamento nesta terça-feira (20).
"Há mais espiões e agentes estrangeiros operando contra os interesses australianos do que no auge da Guerra Fria", disse Burgess, chefe da Organização de Segurança de Inteligência Australiana (Asio, na sigla em inglês).
É raro que funcionários da contrainformação australiana falem publicamente, mas, diante do que consideram uma ameaça, decidiram quebrar a lei do silêncio.
Michael Burgess explicou que estrangeiros instalados na Austrália estão sendo vigiados e perseguidos por governos estrangeiros.
Uma investigação da AFP mostrou, por exemplo, que os uigures exilados, procedentes da região chinesa de Xinjiang (noroeste), são alvo dessa perseguição na Austrália e em outros países.
Os estudantes de Hong Kong matriculados em universidades australianas disseram que também sofrem intimidação e que suas famílias, que permaneceram na ex-colônia britânica, foram ameaçadas após as manifestações pró-democracia que abalaram o território no ano passado.
Em seu discurso aos parlamentares, Burgess não mencionou a China, mas enfatizou que a espionagem e a vigilância dos grupos da diáspora são "nada menos do que um ataque à soberania da Austrália".
Ele também insistiu em que "é inaceitável que as pessoas na Austrália sejam intimidadas simplesmente por terem defendido reformas democráticas, ou por terem criticado violações dos direitos humanos".
Nos últimos anos, os políticos australianos se viram envolvidos em escândalos por aceitar doações em dinheiro de pessoas com laços com Pequim, ou por participarem de propaganda chinesa. De acordo com Burgess, eles têm como objetivo "roubar nossos segredos e manipular nossa tomada de decisão".
As autoridades australianas afirmam que, desde que o presidente chinês, Xi Jinping, chegou ao poder em 2013, o gigante asiático intensificou seus esforços para influenciar a política externa da Austrália.
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