INTERNACIONAL

Historicamente pobre, Nordeste enfrenta caos com o coronavírus

A região nordeste, que historicamente sofre com a seca e a pobreza extrema, emerge como a próxima zona de crise da pandemia do novo coronavírus no Brasil

AFP
29/05/2020 às 09:49.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:15

A região nordeste, que historicamente sofre com a seca e a pobreza extrema, emerge como a próxima zona de crise da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

À medida que o vírus se expande pelo território brasileiro, que agora é o segundo país com o maior número de casos no mundo, a região mais pobre do Brasil é fortemente atingida pela COVID-19, tanto pelo avanço da doença quanto pelas medidas drásticas para tentar contê-la.

O nordeste tem o segundo maior número de casos e mortes do Brasil, depois do rico sudeste, onde o surto começou.

Para as 7,7 milhões de pessoas da região que vivem com menos de R$ 10 por dia, lidar com uma pandemia já seria muito difícil até no melhor dos momentos.

Acrescenta-se a esse cenário a alteração no cotidiano por causa do confinamento, como a interrupção da merenda escolar para crianças em situação de fome e do abastecimento de água para os que não têm o que beber.

"Eu nunca vi, em 26 anos tantas pessoas com medo, tantas pessoas passando fome porque parou tudo. Só que a fome não para", diz Alcione Albanesi, fundadora da ONG Amigos do Bem.

A organização é responsável por distribuir comida, água e artigos de higiene para famílias que vivem no sertão.

Medidas preventivas como o enxágue das mãos são teóricas em um local em que na prática a maioria das pessoas sequer têm água para matar a sede.

Os que adoecem geralmente conseguem ir de charrete à cidade mais próxima ou passam várias horas em transportes públicos até conseguir chegar ao hospital.

No hospital, é comum a falta de materiais básicos para atendê-los, até mesmo cobertores para os leitos, segundo o relato de Albanesi.

A pandemia tem avançado rapidamente na região, se espalhando das capitais para o interior. No início de abril, o Nordeste tinha 17,6% dos casos de coronavírus do país e atualmente reúne 33,7% deles.

Até o momento, os nove estados da região registraram mais de 147.000 casos e quase 8.000 mortes da COVID-19, entre os mais de 26.000 contabilizados no país.

Isso possivelmente foi ocasionado pelo retorno de migrantes que antes tinham deixado a região para trabalhar no Sudeste, e com a pandemia perderam os empregos no setor do comércio e indústria na região mais rica e populosa do país.

Ao voltarem para casa devido ao desemprego, muitos desses trabalhadores acabam levando o vírus com eles.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por