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Hospitais brasileiros tentam evitar o colapso com avanço do coronavírus

A doutora Valdiléa Veloso corre contra o tempo: ela precisa de respiradores, máscaras faciais e pessoal médico antes de a pandemia do novo coronavírus atingir o pico no Brasil, onde o distanciamento social tem enfrentado problemas, com a oposição do presidente Jair Bolsonaro a estas medidas

AFP
15/04/2020 às 17:08.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:47

A doutora Valdiléa Veloso corre contra o tempo: ela precisa de respiradores, máscaras faciais e pessoal médico antes de a pandemia do novo coronavírus atingir o pico no Brasil, onde o distanciamento social tem enfrentado problemas, com a oposição do presidente Jair Bolsonaro a estas medidas.

Com a população ignorando de forma crescente os alertas das autoridades para ficar em casa - encorajada por Bolsonaro, que já criticou o que chama de "histeria" sobre o vírus -, as previsões sobre o comportamento da pandemia no país só piora.

O Brasil, com seus 210 milhões de habitantes, registrou até o momento 1.736 mortes pela COVID-19.

O estado de São Paulo, por sua vez, prevê cerca de 111.000 mortes ao longo de seis meses.

Vários estados enfrentam a possibilidade de seus sistemas de saúde entrarem em colapso.

Na lista estão São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas, com seu imenso território povoado por comunidades indígenas com um histórico trágico de terem sido dizimadas ao longo dos séculos por novas doenças.

Veloso, diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, centro de referência no combate da COVID-19 no Rio de Janeiro, relata que a sua equipe já está cansada, doente e enfrenta a falta de equipamentos de proteção.

O hospital do instituto corre contra o relógio para disponibilizar 200 novos leitos de tratamento intensivo, treinar os novos funcionários e comprar ventiladores e máscaras de proteção.

Mas o que acontecerá caso não consigam dar conta do aumento no número de pacientes previstos para aparecer durante o pico da pandemia no país, projetado para o final de abril?

"Eu procuro nem pensar nisso (um colapso)", conta à AFP.

"O estresse é muito grande. Mas quando eu penso, penso nas mortes que vão acontecer de forma desigual. As pessoas que vivem nas favelas vão ter mais chance de ser infectadas porque moram em ambientes pequenos, com muitas pessoas nos ambientes", ressalta.

Surfistas no Rio de Janeiro, ativistas anti-isolamento em São Paulo e pessoas que simplesmente precisam trabalhar desrespeitam cada vez mais as medidas recomendadas pelas autoridades estaduais e municipais para "achatar a curva".

Em São Paulo, a proporção da população que fica em casa caiu até 47%, de acordo com o monitoramento baseado em dados de localização de telefones celulares - muito abaixo da meta de 80%.

Seguem o exemplo do presidente Bolsonaro, que comparou o vírus a uma "gripezinha", condenou o impacto econômico das medidas para que as pessoas fiquem em casa - as quais orgulhosamente quebrou, insistindo no seu "direito constitucional de ir e vir."

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