INTERNACIONAL

Hospitais do Amazonas sob pressão constante por segunda onda da pandemia

Hospitais do interior do estado do Amazonas colapsam frente à segunda onda da pandemia da covid-19, sem unidades de terapia intensiva, além de afetados, como em Manaus, pelo esgotamento das reservas de oxigênio

AFP
21/01/2021 às 13:56.
Atualizado em 23/03/2022 às 21:06

Hospitais do interior do estado do Amazonas colapsam frente à segunda onda da pandemia da covid-19, sem unidades de terapia intensiva, além de afetados, como em Manaus, pelo esgotamento das reservas de oxigênio.

"Foi muito rápido, quando a gente olhou estava tudo cheio, a nossa estrutura não suporta", relata um funcionário do Hospital Hilda Freire, em Iranduba, município a 40 km de Manaus.

A cidade, de cerca de 50 mil habitantes, registrou 15 mortes pela covid-19 entre segunda e quarta-feira, um número maior do que nos últimos quatro meses da pandemia.

Chega-se a Iranduba por meio de uma estrada com trechos em obra, que viram lama com as chuvas amazônicas.

Esse é o trajeto que os pacientes mais graves têm que percorrer até Manaus, única das 63 cidades do estado com unidades de terapia intensiva.

Em Hilda Freire, quase todos os 30 leitos estão ocupados. A reserva de oxigênio, que durava duas semanas, agora não dá para um dia.

"Tivemos algumas perdas", conta um funcionário, que preferiu não se identificar, coberto por roupas brancas de proteção.

"Ficamos muito abalados porque não tínhamos como socorrê-los", acrescenta, relatando mortes por asfixia que prefere não listar.

"Assim que descarregam o oxigênio, ficamos preocupados com até onde chegaremos no dia seguinte. É uma tensão constante", afirma outro funcionário.

Apesar do abastecimento ter aumentado nos últimos dias por causa de embarques de outros estados e uma doação da Venezuela, o Amazonas vive uma explosão de casos, que podem estar relacionados a uma variante do vírus, mais contagiosa, detectada na região.

A emergência sanitária multiplicou os desafios logísticos em uma área conhecida por suas grandes florestas e seus extensos rios.

Os parentes dos pacientes procuram soluções por conta própria. Uma voluntária deixa um cilindro para uma paciente de 86 anos que está há duas semanas hospitalizada.

"Ela ficou três ou quatro horas sem oxigênio, aí a família entrou em desespero e nos pediu auxílio", conta.

Cerca de 85 km a oeste ao longo da AM-070, atravessada por rios e selva, chega-se a Manacapuru, município com mortalidade de 223/100.000 habitantes, a mais alta do estado do Amazonas, que por sua vez é segundo dos 27 estados brasileiros com maior proporção de óbitos (159/100.000). A nível nacional, o Brasil beira os 213.000 mortos pela covid-19.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por