INTERNACIONAL

Hospital-escola na Argentina faz aulas virtuais em meio à covid-19

O médico aproxima seu celular do paciente no setor covid-19 de um hospital na Argentina. Do outro lado, alunos de medicina questionam e avaliam o paciente em uma aula virtual de prática hospitalar, a única possível em meio ao confinamento

AFP
09/09/2020 às 11:05.
Atualizado em 25/03/2022 às 02:24

O médico aproxima seu celular do paciente no setor covid-19 de um hospital na Argentina. Do outro lado, alunos de medicina questionam e avaliam o paciente em uma aula virtual de prática hospitalar, a única possível em meio ao confinamento.

Embora as aulas a distância estejam longe do ideal, Mario Grossmann, professor da Universidade de Buenos Aires (UBA), pública, e da Universidade Aberta Inter-americana (UAI), privada, considera fundamental contribuir para a formação de novos médicos.

As aulas teóricas seguem adiante por meios virtuais, mas as práticas estão adiadas, o que atrasará as graduações em pelo menos um ano.

"Esses alunos nunca tocaram em um paciente, não usaram um estetoscópio em um pulmão, ou em um coração. Tocar, ver, cheirar é importantíssimo em nível semiológico. Posso enviar um vídeo, ou um áudio, para eles, mas não é a mesma coisa", diz Grossmann, especialista em emergentologia e nefrologia.

Com mais de 10.000 mortos e quase meio milhão de casos, a Argentina atravessa seu pior momento desde o início da pandemia em março.

"Ali onde há leitos e respiradores, antes era a sala de espera", explica o professor, enquanto mostra a terapia intermediária com 55 leitos ocupados de um total de 70. Um pouco depois, está a sala de cuidados intensivos (UTI). "Lotada, lotada, lotada", enfatiza.

Grossmann, de 35 anos e com sete como médico, passou de realizar um plantão semanal para três desde que o coronavírus se espalhou pelo país.

A quarentena estabelecida em 20 de março permitiu reforçar o equipamento hospitalar, mas os recursos humanos estão exaustos.

"Os médicos, toda equipe de saúde está cansada", afirma Grossmann, que adoeceu com covid-19 e se recuperou de uma pneumonia bilateral grave.

Apaixonado pela medicina e por ensinar, Grossmann é chefe da Residência, um passo prévio obrigatório de práticas antes de se tornar médico.

"Foi um processo de aprendizado mundial. Fomos todos de tratamento em tratamento", disse.

Grossmann gostaria de interagir com seus alunos dentro do hospital e percorrer as salas em aulas de avaliação.

"No futuro, esses alunos vão atender pessoas que, de acordo com o que fizermos, vão melhorar, ou piorar. Temos que lhes dar o conhecimento para que esse paciente evolua bem. Isso mudou tudo, temos que nos adaptar", suspira o médico.

Enquanto veste o traje especial antes de entrar na sala de covid-19 do hospital, ele conta que ofereceu um incentivo para seus alunos mais destacados.

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