Igreja São Benedito receberá restauração completa

O projeto de restauro da Igreja São Benedito, a mais antiga de Piracicaba, foi apresentado ontem (23) pelo escritório de arquitetura DRVO, que será responsável pela obra, orçada em R$ 6 milhões. A expectativa da Diocese de Piracicaba, responsável pela capela, é levantar recursos via lei de incentivo fiscal para a execução. A previsão é que todo o trabalho arquitetônico seja finalizado em dois anos. 

O pároco da Catedral, padre Ronaldo Francisco Aguarelli, que também é responsável pela Igreja São Benedito, disse que, por se tratar de um patrimônio tombado, não será feita uma simples reforma, mas sim uma restauração completa do patrimônio. O projeto apresentado à imprensa será detalhado à comunidade no dia 5 de outubro, dia de São Benedito. A apresentação pública também será na Igreja São Benedito (Rua do Rosário, 801 - Centro), a partir das 19h30. 

Após a apresentação, está prevista uma procissão com o andor do santo padroeiro da capela em direção à Catedral de Piracicaba, para a celebração da Santa Missa em louvor a São Benedito.

"Na ocasião, vamos refletir sobre a vida, vocação e missão do santo", disse o pároco. A celebração contará com a participação da Pastoral Afro-brasileira da Diocese de Piracicaba, uma vez que o templo guarda uma histórica ligação com a comunidade negra.

A empresa DRVO Arquitetura foi contratada em 2018 para o estudo técnico e levantamento das características originais de cada fase da edificação da Igreja. Segundo o arquiteto e especialista em patrimônio cultural, Thiago Torina, a autorização para a construção da capela foi anunciada em 1851, mas a edificação nasceu em partes e foi finalizada em 1917. Ao longo dos anos, o templo passou por diversas ampliações e intervenções.

"Todas essas mudanças, de alguma forma, foram consideradas para que pudéssemos propor o projeto de como a Igreja São Benedito ficará após o restauro, conservando características próprias de cada período", explicou. A cor final da parte externa, segundo Torina, será um ocre, tom que predominou nas edificações do gênero até o final do século 19.

“Tivemos que fazer uma escolha, pelo fato de o patrimônio ter passado por várias fases. Recebeu pintura rósea, antes disso foi esverdeada. Mas os estudos permitiram assegurar esta decisão por haver similaridade com outras edificações do gênero e do período”, detalhou.

Na parte interna, as paredes chegaram a receber de nove a 10 camadas de tintas, inclusive três delas de pintura artísticas. “A Carta de Veneza, como orientações internacionais sobre o tema, aponta a necessidade de se respeitar as várias fases históricas da edificação, o que levamos em consideração”, conta. 

Por sua vez, o piso da capela será preservado pela sua originalidade. O forro e telhado serão refeitos, seguindo características originais. 

O projeto já foi aprovado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio de Piracicaba (Codepac). Agora, está em fase de aprovação o projeto para a captação dos recursos, que será feita principalmente por meio de lei de incentivo fiscal (Lei Rouanet), além de doações.

A expectativa é de que as empresas possam ser contatadas a partir do início de 2023. Algumas delas, segundo Torina, já se demonstraram favoráveis à iniciativa e estão dispostas a contribuir.