INTERNACIONAL

Jeanine Áñez, da presidência à prisão na Bolívia

Jeanine Áñez deixou de ser uma senadora de direita quase desconhecida e se tornou em 2019 a presidente interina da Bolívia, em uma sessão legislativa atípica após a renúncia de Evo Morales

AFP
13/03/2021 às 14:56.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:11

Jeanine Áñez deixou de ser uma senadora de direita quase desconhecida e se tornou em 2019 a presidente interina da Bolívia, em uma sessão legislativa atípica após a renúncia de Evo Morales. Com a Bíblia em mãos, jurou reconstruir o destino do país onde hoje foi presa por "sedição e terrorismo".

Em novembro desse ano, esta advogada de 53 anos, opositora ferrenha de Morales, prometeu novas eleições em breve. No entanto, um ano depois, após o adiamento de duas eleições e com a pandemia de coronavírus no pano de fundo, Áñez deixou o poder em novembro de 2020 após a vitória de Luis Arce, do mesmo partido de Morales.

A segunda mulher na história da Bolívia a alcançar o cargo de presidente reconheceu sua derrota contra os rivais de esquerda, que um ano antes ela acreditava que não voltariam a recuperar o poder.

"Parabenizo os ganhadores e peço que governem pensando na Bolívia e na democracia", disse Áñez.

Hoje, no entanto, ela está presa por acusações que resultam de uma investigação por conspiração em um suposto golpe de Estado que levou ao levante da Polícia em meio à convulsão social, culminando com a renúncia e posterior exílio de Evo Morales em novembro de 2019.

"Denuncio para a Bolívia e o mundo, que em um ato de abuso e perseguição política, o governo do MAS [Movimento Ao Socialismo] mandou me prender. Me acusa de ter participado de um golpe de Estado que nunca aconteceu. Minhas orações pela Bolívia e por todos os bolivianos", disse Áñez no Twitter.

A ex-presidente, que também foi apresentadora de televisão, morava na cidade de Trinidad, capital do departamento amazônico de Beni (noroeste), onde foi presa pela polícia com base em uma ordem assinada por dois promotores de La Paz.

No domingo passado, Áñez se candidatou ao governo de Beni nas eleições locais, mas ficou em terceiro lugar com 13% dos votos.

Após a derrota, prometeu que continuaria impulsionando "as oportunidades e o bem-estar para as famílias benianas", sem fornecer detalhes.

No entanto, nesta sexta-feira, assim que soube que era alvo de uma orden de prisão, Áñez afirmou que era vítima de uma mentira e justificou a "sucessão constitucional devido a uma fraude eleitoral" de novembro de 2019.

Áñez assumiu a presidência dois dias depois de Morales, um amigo de Cuba e Venezuela, renunciar após 14 anos no poder, em meio a uma forte convulsão social surgida após as eleições gerais um mês antes.

O então presidente indígena se candidatava para um quarto mandato até 2025, mas os opositores denunciaram que houve fraude nessas eleições e exigiram a anulação de todo o processo eleitoral.

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