INTERNACIONAL

Juiz ordena divulgação parcial dos arquivos do assassinato de Khashoggi

Um juiz de Nova York ordenou que as agências de inteligência dos EUA reconheçam que possuem uma gravação do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018, uma decisão que foi comemorada por ativistas de direitos humanos

AFP
08/12/2020 às 22:08.
Atualizado em 24/03/2022 às 03:55

Um juiz de Nova York ordenou que as agências de inteligência dos EUA reconheçam que possuem uma gravação do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018, uma decisão que foi comemorada por ativistas de direitos humanos.

O juiz também ordenou que a Agência Central de Inteligência (CIA) e o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI) explicassem por que estão retendo a fita e um relatório da CIA sobre o brutal assassinato.

Khashoggi, colunista do The Washington Post e ferrenho crítico da monarquia saudita, foi asfixiado e esquartejado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul após entrar no local para obter documentos para se casar com a noiva turca.

A morte de Khashoggi em 2 de outubro de 2018 gerou protestos internacionais e manchou a reputação do país rico em petróleo e de seu poderoso príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman.

A CIA concluiu que o príncipe herdeiro foi o responsável pelo assassinato, prejudicando as relações entre os Estados Unidos, onde o jornalista morava, e Riade.

O presidente Donald Trump disse depois que protegeu o príncipe Salman do Congresso, gabando-se de ter "salvado sua bunda", de acordo com um livro do respeitado jornalista Bob Woodward.

A Open Society Justice Initiative, fundada pelo filantropo George Soros, abriu um processo sob a Lei de Liberdade de Informação, buscando acesso aos registros da agência de inteligência relacionados ao assassinato.

A CIA e a ODNI indeferiram o pedido e nem sequer confirmaram a existência dos documentos, invocando motivos de segurança nacional.

Mas o juiz federal Paul Engelmayer ordenou ao governo dos Estados Unidos nesta terça-feira que produzisse um "índice de Vaughn", que descreva os documentos retidos e que forneça uma justificativa para não serem divulgados.

Em sua decisão, Engelmayer citou os comentários de Trump no final de 2018, quando o presidente disse: "Temos a fita".

A decisão não ordena a liberação dos documentos, mas a Open Society Justice Initiative descreveu a ordem como uma "vitória crucial ao abordar o vergonhoso encobrimento da administração Trump" do assassinato.

"A decisão do tribunal é um passo vital para acabar com a impunidade pelo assassinato", disse Amrit Singh, o principal advogado da organização no caso.

Inicialmente, Riade negou que o assassinato tivesse ocorrido, mas depois mudou sua versão dos eventos em várias ocasiões e hoje garante que a morte foi realizada por agentes que agiram de forma independente e não por ordens da realeza.

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