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Justiça da Colômbia orden captura de ex-presidente Álvaro Uribe

A Suprema Corte colombiana determinou nesta terça-feira (4) a captura do ex-presidente e senador Álvaro Uribe, o político mais influente da Colômbia deste século, no âmbito de um processo contra ele por manipulação de testemunhas contra um opositor, informou o ex-chefe de Estado

AFP
04/08/2020 às 18:47.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:39

A Suprema Corte colombiana determinou nesta terça-feira (4) a captura do ex-presidente e senador Álvaro Uribe, o político mais influente da Colômbia deste século, no âmbito de um processo contra ele por manipulação de testemunhas contra um opositor, informou o ex-chefe de Estado.

"A privação da minha liberdade me causa profunda tristeza por minha esposa, por minha família e pelos colombianos que ainda acreditam que fiz algo bom pela Pátria", escreveu o ex-presidente (2002-2010) em sua conta no Twitter.

Embora a corte não tenha se pronunciado sobre a decisão inédita contra um ex-governante do país, a imprensa local reportou em uníssono que Uribe cumprirá prisão domiciliar preventiva e não deverá ser enviado para uma prisão.

O caso era analisado nesta terça-feira a portas fechadas pelos altos magistrados que investigam o líder do partido no poder e mentor do atual presidente, Iván Duque.

A Suprema Corte decidiu ordenar a detenção de Uribe, enquanto decide mais adiante se o chama a juízo na qualidade de legislador, por manipular testemunhas. Como parlamentar, ele não tem foro privilegiado, mas sim como o privilégio de só poder ser investigado pelo Supremo.

O ex-presidente, de 68 anos, que sempre alegou inocência e conta com um apoio popular sólido após sua política de linha dura contra as guerrilhas de esquerda, poderia responder por propina e fraude processual, crimes que são punidos com oito anos de prisão, em média.

Uribe, que havia sido interrogado pelos magistrados em outubro, terminou envolvido em uma guinada inesperada da justiça.

Em 2012, ele apresentou uma denúncia contra o senador de esquerda Iván Cepeda por suposto complô contra ele, apoiado em testemunhos falsos.

O líder político afirma que Cepeda - um de seus maiores adversários políticos e testemunha no processo que corre contra ele - contatou ex-paramilitares presos para envolvê-lo em atividades criminosas de grupos de extrema direita que combateram sem trégua as guerrilhas esquerdistas.

Mas a corte se absteve de denunciar Cepeda e, ao contrário, decidiu abrir em 2018 uma investigação contra o ex-presidente sob a mesma suspeita: manipular testemunhas contra seu opositor.

"A lição que esta decisão nos dá hoje, que esperamos conhecer (...) em todos os seus detalhes (...), é que não há indivíduos, não há pessoas que estejam acima da justiça e da lei na Colômbia, por mais poderosas e influentes que sejam", reagiu Cepeda em mensagem à imprensa.

"Convidamos todos os cidadãos a encarar esta situação com total serenidade", acrescentou, enfatizando que o ex-presidente "terá todas as ferramentas, os recursos, procedimentos que existem para garantir seu direito à justiça", caso seja chamado a juízo.

Além deste expediente, Uribe está vinculado com mais investigações por supostos crimes relacionados com o longo conflito civil colombiano.

O partido de Uribe, o Centro Democrático, realiza uma intensa campanha midiática para defender a "respeitabilidade" de seu líder.

Após dizimar militarmente as Farc, ex-guerrilha que assinou a paz em 2016, Uribe se opôs a este acordo por considerá-lo indulgente demais com responsáveis por crimes atrozes.

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