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Justiça russa suspende atividades das organizações do opositor Navalny

A justiça russa ordenou nesta segunda-feira (26) a suspensão das atividades das organizações vinculadas ao opositor detido Alexei Navalny, que podem ser declaradas "extremistas" e proibidas de maneira definitiva

AFP
30/04/2021 às 16:33.
Atualizado em 22/03/2022 às 03:52

A justiça russa ordenou nesta segunda-feira (26) a suspensão das atividades das organizações vinculadas ao opositor detido Alexei Navalny, que podem ser declaradas "extremistas" e proibidas de maneira definitiva.

A decisão foi anunciada depois que Navalny, militante anticorrupção de 44 anos e grande inimigo do Kremlin, encerrou na sexta-feira uma greve de fome de 24 dias no complexo penitenciário de Pokrov, após o agravamento de seu estado de saúde.

A medida judicial está vinculada a um processo por "extremismo" contra as organizações do opositor. A primeira audiência preliminar aconteceu nesta segunda-feira a portas fechadas.

A próxima audiência está prevista para quinta-feira, informou o tribunal de Moscou responsável pelo caso.

"As atividades dos escritórios de Navalny e do Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK) foram suspensas de maneira imediata", escreveu no Twitter Ivan Zhdanov, diretor do FBK.

Zhdanov incluiu em sua mensagem fotografias da decisão, adotada enquanto os colaboradores de Navalny aguardam o julgamento que pode proibir de maneira definitiva as atividades do grupo.

Com essa decisão, "é como se gritassem: temos medo de suas atividades, temos medo de suas manifestações, temos medo de suas campanhas de votação", completou.

O escritório de Navalny em Moscou afirmou em uma mensagem no Telegram que não pode mais "trabalhar sob o antigo formato", com base na decisão judicial.

"Seria muito perigoso para nossos funcionários e para nossos seguidores", afirmou, antes de prometer que todos "continuarão, a título pessoal, lutando contra a corrupção, contra o partido no poder Rússia Unida e contra o presidente Vladimir Putin.

"Não será fácil lutar, mas venceremos de maneira absoluta, porque somos muitos e somos fortes", destacou o escritório moscovita do opositor.

Na primeira reação do Ocidente sobre a decisão judicial contra Navalny, o governo alemão criticou a medida.

"A utilização de instrumentos previstos para lutar contra o terrorismo para opiniões políticas indesejáveis é incompatível com os princípios do Estado de direito", afirmou o porta-voz do governo de Angela Merkel, Steffen Seibert.

O MP russo pediu que as organizações vinculadas a Alexei Navalny sejam classificadas como "extremistas", o que provocaria sua proibição no país e significaria duras penas de prisão para os colaboradores e seguidores do opositor.

A Promotoria acusa as organizações de buscar "criar as condições para a desestabilização da situação social e sociopolítica" na Rússia, "acobertados por slogans libertários".

"Os objetivos reais de suas atividades são criar as condições para mudar os fundamentos da ordem ordem constitucional", afirmou o MP em 16 de abril.

O termo "extremismo" tem uma definição muito ampla na lei russa, o que permite às autoridades lutar contra organizações da oposição, grupos racistas ou terroristas, assim como contra movimentos religiosos como as Testemunhas de Jeová.

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