INTERNACIONAL

Justiça sul-coreana estabelece precedente com sentença a favor de americana adotada

Um tribunal de Seul reconheceu, nesta sexta-feira (12), que uma americana de origem sul-coreana adotada quando criança é filha de seu pai biológico, uma decisão que esta mulher chamou de "capital" para todas as crianças sul-coreanas adotadas

AFP
12/06/2020 às 09:06.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:51

Um tribunal de Seul reconheceu, nesta sexta-feira (12), que uma americana de origem sul-coreana adotada quando criança é filha de seu pai biológico, uma decisão que esta mulher chamou de "capital" para todas as crianças sul-coreanas adotadas.

Kara Bos, de 38 anos, não conseguiu conter as lágrimas quando o tribunal de assuntos familiares de Seul pronunciou seu veredicto e pediu que ela seja incluída no registro de família de seu pai biológico, ou seja, na lista oficial de seus parentes.

A família biológica de Bos, identificada graças a um teste de DNA, sempre se negou a entrar em contato com ela.

Kara foi abandonada quanto tinha dois anos de idade e, então, adotada por uma família americana. Cresceu em Michigan e, há alguns anos, iniciou uma batalha legal para descobrir quem era sua mãe biológica. Agora, terá direito a todos os registros oficiais de seu pai.

"É um dia memorável para todos nós que foram adotados. Finalmente, reconhecem nossos direitos", disse ela à imprensa, visivelmente emocionada.

"Passamos por tantas dificuldades por não termos o direito de entrar em contato com nossas famílias. Espero que tudo isso mude na Coreia", afirmou.

Durante muito tempo, a Coreia do Sul foi um dos principais destinos para as pessoas que queriam adotar. Pelo menos 167.000 crianças sul-coreanas foram adotadas por pais e mães estrangeiros desde os anos 1950.

A sociedade e a lei sul-coreanas continuam sendo muito conservadoras e patriarcais e defendem mais o direito à privacidade dos pais biológicos do que os interesses dos filhos adotados. Por isso, o sigilo invade esses procedimentos.

Nem o pai biológico de Bos nem qualquer membro de sua família estiveram presentes na audiência.

Suas origens não eram uma preocupação até o momento em que se tornou mãe. Quando viu sua filha de dois anos, ela imaginou "o que significa abandonar uma criança dessa idade".

Em 2016, Kara inseriu seu DNA em um site de genealogia e encontrou uma correspondência com um estudante sul-coreano no exterior.

Entraram em contato e viram que seu parentesco procederia do avô do jovem, que seria o pai de Bos e a única pessoa que poderia lhe dizer onde estava sua mãe. A família do jovem estudante nunca quis recebê-la, nem lhe dar informações sobre o pai.

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