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Justiceiros que patrulham Nova York se adaptam durante quarentena

Com uma boina vermelha de estilo militar e jaqueta de aviador de cetim, o voluntário de combate ao crime Arnaldo Salinas patrulha um bairro em Nova York, onde assaltos têm aumentado durante o confinamento devido ao coronavírus

AFP
13/05/2020 às 00:27.
Atualizado em 29/03/2022 às 23:58

Com uma boina vermelha de estilo militar e jaqueta de aviador de cetim, o voluntário de combate ao crime Arnaldo Salinas patrulha um bairro em Nova York, onde assaltos têm aumentado durante o confinamento devido ao coronavírus.

Salinas é membro do Guardian Angels, um grupo não armado que protege os moradores da cidade - e até executa prisões -, objeto de controvérsia há quatro décadas.

"Se vemos uma beligerância, um crime, intervimos", explica esse robusto homem latino-americano de 58 anos.

Curtis Sliwa, um popular apresentador de rádio conservador, era gerente noturno de um McDonald"s em 1979, quando a alta taxa de criminalidade em Nova York o motivou a fundar os Guardian Angels. Eles começaram com 13 voluntários fazendo patrulhas de segurança pública no sistema de metrô imundo e perigoso da cidade.

Hoje, a associação sem fins lucrativos, que recebe doações, opera em 130 cidades em 13 países.

Existem mais de 5.000 "anjos da guarda" homens e mulheres em todo o mundo, incluindo 150 em Nova York, segundo Sliwa, de 66 anos.

As insígnias do grupo estão bordadas em seus uniformes vermelhos: um olho que pode ver tudo entre um par de asas de anjo.

Eles monitoram o entorno da sinagoga após ataques antissemitas crescentes e intimidam homens acusados de abusar de mulheres no metrô com cartazes de "Procurados", por meio de sua iniciativa "caçadores de pervertidos".

Embora a crise causada pela doença COVID-19, que matou quase 20.000 pessoas em Nova York, tenha resultado em um menor número de crimes, assassinatos, furtos em lojas e roubos de carros registraram aumento.

Em abril, durante o auge da pandemia, o roubo de lojas aumentou 169%, segundo dados da polícia.

Os Guardian Angels têm seis equipes móveis que patrulham as áreas afetadas pelo aumento do crime, que inclui partes de Washington Heights, em Manhattan, além de áreas no Bronx, Queens e Brooklyn.

Sliwa diz que as equipes desempenham um papel essencial porque não há policiais suficientes. Cerca de 20% da força policial adoeceu com coronavírus ou teve que ficar de quarentena há um mês, no auge da pandemia.

Os voluntários conversam com os comerciantes e fornecem a eles um folheto com o número de telefone dos Guardian Angels. "Dizemos a eles que podem nos ligar se tiverem problemas", disse Sliwa à AFP.

Sanjay Hodarkar, farmacêutico de 66 anos de Washington Heights, aprecia a presença os Angels nas ruas. "É um conforto saber que eles estão aqui", diz.

Os Guardian Angels também estão ajudando os sem-teto que lotam o metrô vazio de Nova York. Mary Gethins, 48 anos, é uma das voluntárias que administra a linha E, entregando pacotes com lenços umedecidos, máscaras e sanduíches para os mais necessitados.

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